As conclusões dos principais estudos e revisões sistemáticas da acupuntura são inconsistentes, sugerindo que ela não é eficaz.[7][8] Análise das revisões Cochrane mostra que a acupuntura não é eficaz para a maioria das condições médicas para as quais é usada,[8] havendo apenas evidência de baixa qualidade sugerindo que talvez possa ser útil no tratamento de alguns tipos de dor crônica,[7] mas sem ter efeito na origem da dor, e o efeito aparente provavelmente não é causado pelo tratamento.[9][10]
Existem vários ramos de acupuntura, que tradicionalmente podem ser divididos em dois ramos principais: o que se baseia nos oito princípios da medicina tradicional chinesa, e o que se baseia na teoria dos cinco elementos.[9][11][12] Ela é geralmente usada para alívio da dor,[7] embora os acupunturistas digam que ela pode ser usada para tratar inúmeras outras doenças. Geralmente, a acupuntura é usada em combinação com outras formas de tratamento.[13]
A acupuntura é geralmente segura quando praticada adequadamente por profissionais treinados usando agulhas esterilizadas ou de uso único.[14][15] Quando aplicada corretamente, apresenta baixo grau de efeitos colaterais.[14][16] Acidentes e infecções, no entanto, podem ocorrer, e costumam estar associadas a negligência do profissional, particularmente na esterilização da agulha.[7][15] Um estudo de 2013 apontou que as infeções haviam aumentado na década precedente.[17] Os mais frequentes efeitos adversos registrados foram pneumotórax e infecções.[7] Como efeitos adversos sérios continuam a ser registrados, é recomendado que os acupunturistas sejam suficientemente treinados para reduzir esse risco.[7]
A investigação científica não encontrou evidências histológicas ou fisiológicas para conceitos tradicionais chineses como qi, meridianos e pontos de acupuntura,[18] e muitos praticantes modernos não apoiam mais a existência de uma energia vital qi ou de meridianos, os quais eram fundamentais nos sistemas iniciais de acupuntura.[19][20][21] Acredita-se que a acupuntura surgiu por volta do ano 100 a.C. na China, quando foi publicado o "Clássico interno de Huang Di",[22] embora alguns especialistas sugiram que ela possa ter sido praticada anteriormente.[9] Ao longo do tempo, emergiram sistemas conflitantes de acupuntura no tocante aos efeitos do Céu, da Lua, da Terra, das energias yin-yang e dos ritmos corporais na efetividade do tratamento.[23] A popularidade da acupuntura flutuou na China devido a mudanças na liderança política do país, e ao uso preferencial do racionalismo ou da medicina ocidental.[22] Inicialmente, a acupuntura se difundiu para a Coreia no século VI.[24] Em seguida para o Japão através de médicos missionários. Depois, para a Europa, inicialmente através da França.[22] No século XX, conforme se expandiu para os Estados Unidos e países ocidentais, elementos espirituais da acupuntura que conflitavam com crenças ocidentais foram, ocasionalmente, abandonados em prol da simples colocação das agulhas nos acupontos.[22]
O tratamento acupunterápico consiste no diagnóstico (igualmente baseado em ensinamentos clássicos da Medicina Tradicional Chinesa) e na aplicação de agulhas em pontos definidos do corpo - chamados de "Pontos de Acupuntura" ou "Acupontos" - que se distribuem principalmente sobre linhas chamadas "meridianos" ou "canais de energia", para obter diferentes efeitos terapêuticos conforme o caso tratado. Também são utilizadas outras formas de estimulação, estando entre as mais conhecidas a moxabustão (aplicação de calor sobre os acupontos ou meridianos).[25] A estreita relação entre o uso das agulhas e da moxa, na acupuntura, fica evidente na tradução literal da expressão que, em chinês, designa acupuntura (Zhen Jiú - 针灸), sendo Zhen (针) agulha e Jiú (灸) fogo (ação de cauterizar). O leque de opções do acupunturista, entretanto, costuma ser bem mais amplo, podendo-se estimular os acupontos e meridianos com os dedos (do-in), instrumentos específicos semelhantes a um pente de osso ou jade (gua sha), ventosas (ventosaterapia), massagens (tui na) e outras técnicas como, por exemplo, a sangria.[26][27][28][29] A acupuntura chinesa, por seu histórico milenar, acabou por desenvolver escolas específicas em países próximos da China, dando origem ao shiatsu (espécie de massagem) no Japão[30] e a estimulação nos denominados microssistemas do corpo a exemplo da auriculoterapia.
Com as tecnologias modernas, a acupuntura vem agregando recursos como a eletricidade (eletroacupuntura, ryodoraku), estimulação com laser,[31][32][33] agulhas mais seguras e práticas, cristais stiper (Stimulation and Permanency - Estimulação Permanente),[34] esferas banhadas a ouro, prata e novos materiais (substituindo as raras agulhas destes metais)[35][36][37] ou estimulação com a sucção de ventosas de vidro, material plástico ou acrílico com válvulas de pressão ou ventosas de borracha,[38][39] porém sempre observando os mesmos princípios da Medicina Tradicional Chinesa.
O raciocínio que se desenvolve na verificação e tratamento dos problemas práticos apresentados nos consultórios é baseado em conceitos ultrapassados e incompatíveis com o conhecimento científico atual,.[5] como os cinco elementos (Wu Xing), o Tao (道), o equilíbrio entre yin e yang, o fluxo de chi ("氣") (a grosso modo traduzido como energia vital) e xué (a grosso modo traduzido como sangue), zang (traduzido como "órgão" por inexistência de palavra adequada) e fu (literalmente "oco", mas geralmente traduzido como "víscera").[40]
Por outro lado, os maiores entraves à sua compreensão como ciência são exatamente essas crenças tradicionais, para as quais ainda não há consenso quanto às formas de investigação experimental, além da sua referida descrição e pesquisa histórico-antropológica de práticas e textos tradicionais.[41][42][43] As aplicações mais específicas vêm se desenvolvendo com o uso da acupuntura nos diversos campos da área de saúde. No Brasil, é uma prática livre, autorizada pelo Ministério da Saúde, para ser integrado em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), sendo obrigatório apenas o título de Formação ou de Especialização, segundo o reconhecimento de cada conselho profissional.
↑SUSSMANN, David. J. Acupuntura Teoria y Practica.8. ed. Buenos Aires: Kier
↑Baran, GR; Kiana, MF; Samuel, SP (2014). Chapter 2: Science, Pseudoscience, and Not Science: How Do They Differ?. Healthcare and Biomedical Technology in the 21st Century. [S.l.]: Springer. pp. 19–57. ISBN978-1-4614-8540-7. doi:10.1007/978-1-4614-8541-4_2. various pseudosciences maintain their popularity in our society: acupuncture, astrology, homeopathy, etc.
↑Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Khine2012
↑ abErro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Barrett2007
↑Adams D, Cheng F, Jou H, Aung S, Yasui Y, Vohra S (dezembro de 2011). "The safety of pediatric acupuncture: a systematic review". Pediatrics. 128 (6): e1575–87. doi:10.1542/peds.2011-1091. PMID 22106073. S2CID 46502395. [S.l.: s.n.] !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
↑Prioreschi, P (2004). A history of Medicine, Volume 2. [S.l.]: Horatius Press. pp. 147–48. ISBN978-1888456011. Verifique |isbn= (ajuda)
↑Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome celestial lancets
↑Mao-liang. Qiu (org.) Acupuntura chinesa e moxibustão. SP, Roca, 2001 ISBN 85-7241-220-4
↑Esteve Torres A. Tui-Na, an oriental massage.Rev Enferm. 2005 May;28(5):33-6.
↑Wei, Xu et al. “Clinical Evidence of Chinese Massage Therapy (Tui Na) for Cervical Radiculopathy: A Systematic Review and Meta-Analysis.” Evidence-based Complementary and Alternative Medicine : eCAM 2017 (2017): 9519285. PMC. Web. 6 Apr. 2018.
↑Yang, Mingxiao et al. “Effectiveness of Chinese Massage Therapy (Tui Na) for Chronic Low Back Pain: Study Protocol for a Randomized Controlled Trial.” Trials 15 (2014): 418. PMC. Web. 6 Apr. 2018.
↑Xia YB; Cheng J; Tong L; Mu YY; Zhang JB. Comparative study of bloodletting therapy between traditional Chinese medicine and Tibetan medicine. Zhongguo Zhen Jiu. 2012 May;32(5):464-7. abstract Aces. Abr. 2018
↑Robinson, Nicola, Ava Lorenc, and Xing Liao. “The Evidence for Shiatsu: A Systematic Review of Shiatsu and Acupressure.” BMC Complementary and Alternative Medicine 11 (2011): 88. PMC. Web. 6 Apr. 2018.
↑Zhang, R., Lao, L., Ren, K., & Berman, B. M. (2014). Mechanisms of Acupuncture-Electroacupuncture on Persistent Pain. Anesthesiology, 120(2), 482–503. [1] doi:10.1097/ALN.0000000000000101
↑Mu-Lien Lin, Hung-Chien Wu, Ya-Hui Hsieh, et al., “Evaluation of the Effect of Laser Acupuncture and Cupping with Ryodoraku and Visual Analog Scale on Low Back Pain,” Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, vol. 2012, Article ID 521612, 7 pages, 2012. doi:10.1155/2012/521612 Abstract Aces. Nov. 2015
↑LACERDA, P. Manual de laser acupuntura em medicina e odontologia. SP: Ícone, 1995
↑BURIGO, Frederico Luiz; SILVÉRIO-LOPES, Sandra. Lombalgia crônica mecânica: estudo comparativo entre acupuntura sistêmica e pastilhas de óxido de silício (Stimulation and Permanency - Stiper). Revista Brasileira de Terapias e Saúde, v. 1, n. 1, p. 27-36, 2010. DOI icon10.7436/rbts-2010.01.01.03 PDF Aces. Nov. 2015
↑Dae Hyun Jo A Review of Research Trends in Gold Implantation Therapy Focused on Gold Thread, Gold Needle and Gold Bead J Acupunct Res. 2016;33(1):79-93. Published online March 18, 2016 DOI: https://doi.org/10.13045/acupunct.2016008
↑Tang, L. et al. Preparation of Graphene-Modified Acupuncture Needle and Its Application in Detecting Neurotransmitters. Sci. Rep. 5, 11627; doi: 10.1038/srep11627 (2015).
↑Hamilton, Lesley. Recognition of Oriental Medicine and Traditional Chinese Medicine. Texas: Modern World Acupuncture Clinic of Austin http://modernacupuncture.com/nih_who.htm (on-line pub.) Aces. Nov. 2015