O Papado na Antiguidade tardia foi um período da história papal entre 313, em que inicia-se a Paz na Igreja até o pontificado de Simplício em 476, em que ocorre a queda do Império Romano do Ocidente.
O início desse período é usualmente tido quando na Antiguidade tardia em 313, o imperador Constantino concede liberdade para todas as religiões; Constantino em seguida passou a interferir em diversas questões eclesiásticas, originando o cesaropapismo, e uma relação de "difícil entrosamento entre Igreja e Estado",[1][2] que é uma característica singular desse período.
Uma das primeiras demonstrações de um poder estatal administrado pelos papas, também surgiu nessa época, embora fosse de caráter puramente diplomático, como "defensor dos necessitados e da população", como observado por exemplo, no confronto do Papa Leão I com Átila, imperador dos hunos,[3] em que Leão convence Átila a não invadir e saquear Roma.
O pontificado "mais significativo e importante da antiguidade cristã" foi o de São Leão I, o Grande, que lutou pela unidade e ortodoxia católicas.[4]
A organização conciliar e sinodal que havia sido vital no século III, também cresceu em importância nessa época – através dos concílios ecumênicos convocados pelos imperadores (por questões pragmáticas e também cesaropapistas), para proporcionar uma resolução definitiva para os litígios doutrinários na Igreja Católica. A tentativa de alguns concílios de independerem da autoridade papal, desafiá-la ou mesmo controlá-la, fez que o Papa Bonifácio I declarasse precocemente que o poder papal é superior ao conciliar e o último não pode julgá-lo.[5]
Nessa época também aprofundaram-se os conflitos entre a Igreja do Ocidente e Oriente. Em 330 a capital do Império Romano foi transferida para Constantinopla, dessa maneira rapidamente no Império Romano do Oriente o poder civil controlou a Igreja e o bispo de Constantinopla cresceu em importância, baseando seu poder no fato de ser bispo da capital e por ser um homem de confiança do Imperador,[6] no Ocidente por sua vez, o bispo de Roma pôde consolidar a influência e o poder que já possuía desde o cristianismo primitivo.[6] Em 380, o Édito de Tessalónica publicado pelo imperador Teodósio I, estabeleceu que a religião católica conforme ensinada pelo Papa Dâmaso I, como religião de estado exclusiva do Império.[7][8]
O fim do papado na Antiguidade tardia é colocado normalmente em 472, início da Idade Média, em que as tribos germânicas invadem e provocam o colapso do Império Romano do Ocidente, dessa maneira as províncias romanas se tornam uma série de pequenos reinos, administrados pelos visigodos, vândalos, francos e etc. A Itália por sua vez, foi dominada pelos ostrogodos, iniciando o período de interação entre os papas e os reis ostrogodos.[9]