As Tesmoforiantes ou As mulheres que celebram as Tesmofórias (em grego: ΘΕΣΜΟΦΟΡΙΑΖΥΣΑΙ), foi uma comédia escrita por Aristófanes e encenada em 411 a.C., nas Grandes Dionisíacas, festival em honra ao deus Dioniso.[1] Nessas festas, além dos rituais em homenagem a Dioniso, existiam dias reservados para as competições de tragédia e comédia. As peças teatrais eram apresentadas e o público votava na sua preferida.[2]
A peça As Tesmoforiantes apresenta diversas mulheres atenienses reunidas no templo de Deméter e Perséfone para celebrar o festival das Tesmofórias, ocasião em que a presença masculina é proibida. Nesse espaço sagrado elas planejam se vingar de Eurípides pela forma como são retratadas nas suas tragédias. Eurípides pede que o poeta Agaton, caracterizado diversas vezes por Aristófanes como tendo trejeitos efeminados, defenda sua causa na assembleia das mulheres. Diante da recusa de Agaton, um parente de Eurípides, provavelmente seu sogro, se disfarça de mulher e participa da assembleia no intuito de salvar Eurípides da condenação. Porém, ele acaba sendo descoberto e preso. Eurípides não tem outra alternativa a não ser ir até o Tesmofórion, mas a sua tentativa de fazer um acordo com as mulheres é frustrada e acaba tendo que ajudar o parente a fugir da prisão.[3]
As comédias de Aristófanes são constantemente apontadas como peças com forte viés de crítica política, dada a maneira como o comediógrafo abordava em suas obras as questões do cotidiano grego aliadas às questões políticas da época. Muitas de suas peças apresentam, em diversos pontos de vista, uma espécie de debate tendo como tema a desordem da pólis advinda dos conflitos entre os velhos valores, sejam eles morais ou políticos, e os novos. Essa característica imprime um caráter de afirmação das velhas tradições, em contraposição às mudanças, em suas peças teatrais.[4]
É grande a comparação entre a abordagem política d’As Tesmoforiantes e a apresentada em Lisístrata, outra peça de Aristófanes encenada no mesmo ano,[1] porém no festival dionisíaco das Leneias.[5] As Tesmoforiantes foi uma peça não tão explorada pelos estudiosos do teatro grego por parecer não se aprofundar nas críticas sociais pelas quais o Aristófanes era conhecido. Por outro lado, Lisístrata evidenciaria os ares de crise e traição atenienses da época.[6] O enredo principal de Lisístrata gira em torno de um grupo de mulheres que, com o objetivo de acabar com a Guerra do Peloponeso, se trancam em um templo e decidem por votação fazer uma greve de sexo até que os homens acabem com os combates.[7] A peça apresenta Lisístrata, uma personagem feminina forte, ao contrário de As Tesmoforiantes, que apesar de ter muitas mulheres na trama, não possui uma personagem marcante ou uma ideia inovadora.[8]
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(ajuda). Portal Graecia Antiqua. Consultado em 8 de dezembro de 2016