Biodiversidade do solo

O solo contém uma biocenose com grande biodiversidade, a qual inclui (estimativa de 2021) cerca de 26% das espécies vivas conhecidas do planeta (em comparação com 13% dos oceanos)[1] Na região temperada, cada metro quadrado (em 20 cm de profundidade) abriga em média cerca de 1 000 espécies de invertebrados (dos quais cerca de 50% são ácaros),[2] mais de 10 000 espécies de fungos e 100 000 a 1 000 000 de espécies de bactérias.[3] Cerca de 1 g de material do solo, alberga em média 100 artrópodes, 1 000 a 2 000 nemátodos, alguns milhões de protozoários e algumas centenas de milhões de bactérias,[4] 200 m de micélios de fungos, o que corresponde a 1 milhão de espécimes, pertencentes 1 000 a 100 000 de espécies fúngicas saprófagas, e mais de 1 000 milhões de células bacterianas, pertencentes a mais de 1 milhão de espécies.[5] Como comparação, as florestas têm uma densidade média de cerca de 500 árvores por hectare. As florestas tropicais húmidas, que apresentam uma grande variedade de flora associada a uma abundância de árvores de grande porte (200 a 300 espécies, em média, por hectare, até 500 às vezes), apresentam muito menos biodiversidade do que a variedade microbiana presente num grama de solo. As florestas temperadas abrigam apenas cerca de 10 a 15 espécies de árvores por hectare.[6]
O papel do microbiota do solo é considerável e muito variado: humificação e mineralização, formação de micorrizas, fixação de azoto atmosférico, defesa das plantas por fungos endofíticos.
Tamanho e diversidade dos organismos do solo.
Os organismos do solo fazem parte do segundo nível trófico.
Cartografia simplificada das variações em larga escala na acidez do solo.
Vermelho = solos ácidos. Amarelo = Solos neutros (próximo de pH 7) Azul = solos alcalinos. Negro= sem dados.

Biodiversidade do solo é a designação utilizada em pedologia e em ecologia para designar a variedade de formas de vida do biota do solo (edafofauna, edafoflora e populações microbianas) que estão presentes nos solos em pelo menos parte de seu ciclo biológico. A biodiversidade do solo inclui os organismos que vivem na matriz do solo, bem como os que vivem "anexos do solo" (manta morta, madeira morta em decomposição, animais mortos, excrementos).[7] Os organismo que integram o biota do solo (ou édafon) fazem parte da biodiversidade subterrânea, integrando o grupo que também inclui os organismos de ambientes cavernícolas, cársticos, os aquíferos, as falhas e fissuras e outros ambientes subterrâneos. Quase um quinto de toda biomassa (especialmente microbiana) pode estar no solo e subsolo, vivendo entre sedimentos.[8]

  1. Marc-André Selosse (2021). L'origine du monde. Une histoire naturelle du sol à l'intention de ceux qui le piétinent. [S.l.]: Actes Sud Nature. p. 137 .
  2. Vincent Tardieu (23 agosto 2012). Vive l'agro-révolution française! (em francês). Paris: Belin éditeur. p. 56. 463 páginas. ISBN 978-2-7011-5973-7 .
  3. Daniel Hillel; Jerry L. Hatfield (2004). Encyclopedia of Soils in the Environment (em inglês). [S.l.]: Elsevier/Academic Press. p. 137 
  4. Jonathan Leake; David Johnson; Damian Donnelly; Gemma Muckle; Lynne Boddy; David Read (agosto 2004). «Networks of power and influence: the role of mycorrhizal mycelium in controlling plant communities and agroecosystem functioning» (PDF). Revue Canadienne de Botanique (em inglês). 82 (8): 1016–1045. doi:10.1139/b04-060 
  5. Marc-André Selosse (2017). Jamais seul. Ces microbes qui construisent les plantes, les animaux et les civilisations. [S.l.]: Actes Sud Nature. p. 343 
  6. Dominique Louppe; Gilles Mille (2015). Mémento du forestier tropical. [S.l.]: Quae. pp. 359–596 .
  7. Gobat, Aragno & Matthey 2010, p. 283.
  8. Kallmeyer, J.; Pockalny, R.; Adhikari, R. R.; Smith, D. C.; D’Hondt (2012). «S. Global distribution of microbial abundance and biomass in subseafloor sediment». Proc. Natl Acad. Sci. USA (em inglês) (109): 16213–16216 .

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