Os botes salva-vidas do RMS Titanic tiveram um papel crucial durante o naufrágio do RMS Titanic em 14 e 15 de abril de 1912. Um dos legados do navio era que ele tinha pouquíssimos botes salva-vidas para evacuar todos aqueles a bordo. Os 20 botes salva-vidas que o navio carregava poderiam acomodar 1178 pessoas, apesar de aproximadamente 2224 estarem a bordo. O RMS Titanic tinha uma capacidade máxima de 3327 passageiros e tripulação.
Foram usados 10 botes salva-vidas, carregados entre 23:45–2:15, embora o bote desmontável A flutuou ainda no convés parcialmente inundado e o desmontável B (bombordo) flutuou para longe virado com o casco para cima pouco antes do Titanic afundar.
Muitos botes salva-vidas levaram metade da sua capacidade máxima; há muitas versões sobre o porque dos botes zarparem com metade dos assentos vazios. Algumas fontes afirmam que estavam com medo dos botes salva-vidas virarem com o peso, outros sugeriram que era porque a equipe seguia a rigorosa tradição marítima para evacuar mulheres e crianças primeiro. Poucos homens foram autorizados a embarcar nos botes no lado bombordo do navio, enquanto no lado de estibordo foi permitido homens nos botes somente após mulheres e crianças terem embarcado. Alguns dos últimos botes que partiram estavam com pessoas acima de sua capacidade e os passageiros perceberam que a linha d'água estava perto da borda de algumas embarcações.
À medida que os barcos carregados com metade da capacidade se afastaram do navio, eles estavam longe demais para que outros passageiros os alcançassem, e a maioria dos botes não retornou ao naufrágio, devido aos protestos de passageiros ou tripulantes para evitar terem os barcos virados pelas vítimas que se afogavam. Apenas dois botes salva-vidas voltaram para retirar os sobreviventes da água, alguns dos quais morreram posteriormente.
O RMS Carpathia só chegou até o local do naufrágio às 4h00, duas horas após o Titanic ter afundado, e o resgate continuou até que o último bote foi recuperado às 8h30. Os sobreviventes entre os homens eram relativamente mais tripulantes, seguidos por homens da Primeira e Terceira Classe, com 92% de homens mortos entre os da Segunda Classe. Entretanto, mulheres da terceira classe e crianças também morreram em números relativamente altos, com 66% destas crianças morrendo.[1]
Embora o naufrágio tenha mostrado que o número de botes salva-vidas era insuficiente, o Titanic estava em conformidade com os regulamentos de segurança marítima da época (embora o desastre do "Titanic" tenha provado que os regulamentos estavam desatualizados para esses navios de passageiros de grande porte). O inquérito também revelou que a White Star Line queria menos barcos nos conveses para proporcionar vistas desobstruídas para os passageiros e dar ao navio mais estética de uma vista exterior.
Também foi pensado que em caso de emergência, o desenho do Titanic permitiria que ele continuasse a flutuar tempo suficiente para que seus passageiros e tripulação fossem transferidos com segurança para uma embarcação de resgate. Nunca se esperou, no entanto, que todos os passageiros e a tripulação fossem evacuados rapidamente ao mesmo tempo.
Combinando com o desastre, a tripulação do Titanic foi mal treinada no uso dos turcos (equipamento de lançamentos dos botes). Como resultado, o lançamento dos botes foi lento, incorretamente executado e mal supervisionado. Esses fatores contribuíram para que os botes salva-vidas partissem com apenas meia capacidade.
1514 pessoas não conseguiram embarcar em um bote e estavam a bordo do Titanic quando este afundou no Atlântico Norte às 2h20 de 15 de abril de 1912. 710 pessoas, a maioria mulheres e crianças, permaneceram nos botes até aquela manhã quando foram resgatados pelo RMS Carpathia. Aqueles a bordo dos botes salva-vidas foram apanhados pelo Carpathia em uma operação que durou 4 horas e 30 minutos, das 4h00 até 8h30, e 13 destes botes também foram içados a bordo. Os botes salva-vidas foram devolvidos à White Star Line no porto de Nova Iorque, pois eram os únicos itens de valor recuperados do naufrágio, mas posteriormente desapareceram da história ao longo do tempo.