Serra Negra, distrito de Bezerros, no Agreste Pernambucano, com 957 metros de altitude
Os brejos de altitude, brejo interiorano, florestas de Caatinga ou florestas de serra são ilhas de florestas úmidas no polígono das secas, no interior da Região Nordeste do Brasil. Essas formações ocorrem em áreas de relevo acidentado em áreas acima de 500 metros de altitude, e clima tropical úmido, marcadas pela influência das chuvas orográficas que leva a maior pluviosidade e temperaturas mais amenas que contrastam com a matriz semi-árida circundante. A biodiversidade dos brejos de altitude testemunha dinâmicas evolutivas e biogeográficas peculiares, abrigam expressiva riqueza e várias espécies animais e vegetais endêmicas, incluídas no “Centro de Endemismo Pernambuco”, um importante centro de endemismo da América do Sul [1][2]. Sua vegetação é em geral sempre verde com árvores altas espécies típicas da Mata Atlântica e da Amazônia, mas também pode apresentar espécies da Caatinga, principalmente em áreas de borda.
Os brejos de altitude representam um testemunho de uma antiga conexão entre a Amazônia e a Floresta Atlântica. A maior parte da região neotropical era coberta por florestas tropicais durante o Paleógeno[3] . O soerguimento da Cordilheira dos Andes e as mudanças climáticas durante o Paleógeno resultaram na formação de uma diagonal seca de formações abertas e a separação das florestas úmidas em dois grandes blocos, a Floresta Atlântica e a Floresta Amazônica [4]. Durante o Pleistoceno Amazônia e a Mata Atlântica estabeleceram conexões que permitiram a criação de um fluxo gênico através das florestas de galeria do Cerrado e os refúgios florestais inseridos na Caatinga, que atuaram como corredores biogeográficos entre os blocos florestais [5][6][7][8].
Essas formações são áreas de exceção, definidas como ilhas ou enclaves úmidos que contrastam com as áreas no seu entorno, predominantemente semiáridas, dessa forma, demonstram evidências da Teoria dos Refúgios que moldaram a atual distribuição de linhagens [9]. Há histórias evolutivas distintas entre os brejos de altitude, modelos indicam que os enclaves de Araripe e Pernambuco/Paraíba tiveram conectividade variável ao longo do tempo, com isolamento recente, os enclaves do Norte do Ceará mostram isolamento prolongado e sinais de gargalo populacional. Os enclaves da Chapada Diamantina, ao sul, apresentaram alta conectividade com florestas costeiras[10].