Cabanagem

 Nota: Para o bairro de Belém do Pará, veja Cabanagem (Belém).
Cabanagem

Área frequentada pelos rebeldes Cabanos durante o movimento no século XIX.
Data 6 de janeiro de 1835
23 de agosto de 1840
(5 anos, 7 meses e 21 dias)
Local Província do Grão-Pará
Desfecho Vitória do Império do Brasil
Descenso econômico e populacional na região conflitante
Mudanças territoriais Criação da Província do Amazonas, desmembrada do Grão Pará em 1850, por esta não aderir a revolta
Beligerantes
Governo Cabano:
  • Rebeldes
  • Indígenas

Apoiados por:

Império do Brasil:

Apoiados por:

Comandantes
Batista Campos Império do Brasil Regente Feijó
Forças
25 000 Rebeldes 3 000 Voluntários
743 Soldados
Baixas
35 000 - 40 000 Mortos 35 000 - 40 000 Mortos

A Cabanagem, também chamada Guerra dos Cabanos, foi uma revolta popular e social que ocorreu na então Província do Grão-Pará entre 1835 e 1840,[1] durante a regência de Diogo Antônio Feijó no Império do Brasil,[2] influenciada pela Revolução Francesa,[3] tendo como líderes Félix Clemente Malcher, Antonio Vinagre, Francisco Pedro Vinagre, Eduardo Angelim e Vicente Ferreira de Paula.[1][4] A revolta foi motivada pela extrema pobreza, fome e doenças que afetavam a população local,[5] além do isolamento político, a forte influência portuguesa na região com a independência do Brasil em 1822,[6] uma vez que o Pará aderiu à independência apenas em 1823.[7][8][3]

Os índios, mestiços e, pobres analfabetos que viviam amontoados em cabanas de barro à beira dos rios (que originou o nome da revolta)[8] usados como mão de obra em forma de semiescravidão na província,[8] e integrantes da classe média uniram-se nessa revolta, com objetivo de aumentar a importância do seu território no governo central brasileiro e, enfrentar a questão da pobreza na região. Mas já havia uma mobilização na província do Grão-Pará para expulsar os reacionários e grupos apoiados pela elite que desejavam manter a região como colônia portuguesa, acreditando que a região do Grão-Pará receberia "benefícios”.[9]

Muitos líderes locais da elite fazendeira, descontentes com a política do governo imperial português, ressentidos pela falta de participação política nas decisões do governo brasileiro centralizador, também contribuíam com o clima de insatisfação após a instalação do governo provincial.[9][10]

A independência não trouxe reformas profundas a estrutura social vigente do período.[9]

Considera-se que a revolta iniciou em 6 de janeiro de 1835 quando a sede governamental da cidade brasileira de Belém do Pará foi tomados pelos revoltosos e, foi instituido novo presidente, o militar Félix Clemente Malcher. Porém, Clemente Malcher mais identificado com a elite dominante traiu a revolta.[10] Sucedeu-se um conflito entre as suas tropas e as do outro líder, Eduardo Angelim, tendo estas saído vitoriosas. O frágil e instável controle cabano do Grão-Pará durou cerca de dez meses.

O império então nomeou um novo presidente, barão de Caçapava, e, frente a essa afronta, o agente centralizador do governo central, bombardeou impiedosamente Belém, retirando rapidamente os cabanos do poder. Porém, muitos deles continuaram a lutar, o império usou novamente o poderio militar para sufocar a revolta e, em 1840, promoveu um extermínio em massa da população paraense. Estima-se que cerca de 30 a 40% da população de cem mil habitantes do Grão-Pará tenha morrido no conflito.[10]

Em homenagem ao movimento Cabano, em 1985 foi erguido um monumento, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, na entrada da cidade de Belém, o Memorial da Cabanagem.[9]

  1. a b Simões, Denise (2019). Revolução cabana e construção da identidade amazônida (PDF). Pará: Editora da Universidade do Estado do Pará. ISBN 978-85-8458-047-7 
  2. «Diogo Antônio Feijó». educacao.uol.com.br. Consultado em 29 de março de 2023 
  3. a b da Costa TAVARES, Maria Goretti (2008). «A Formação Territorial do Espaço Paraense». Universidade Federal do Pará - UFPa. Revista ACTA Geográfica nº 3 - Ano II. ISSN 1980-5772. doi:10.5654/actageo2008.0103.0005. Consultado em 4 de maio de 2016 
  4. Ferreira da Silva, Tiago (18 de dezembro de 2009). «Cabanagem (1835-1840) - Revolta do Período Regencial». Portal História Brasileira. Brasil Império. Consultado em 2 de janeiro de 2017 
  5. «Início da Revolução da Cabanagem completa 184 anos com programação». G1. Consultado em 29 de março de 2023 
  6. «Revoltas no Norte: Cabanagem, Balaiada e Sabinada». www.multirio.rj.gov.br. Consultado em 29 de março de 2023 
  7. «Feriado lembra a adesão do Pará à Independência do Brasil». G1. Consultado em 4 de agosto de 2019 
  8. a b c «A Cabanagem: a província do Grão-Pará entre 1835 e 1840». MultiRio. Consultado em 7 de janeiro de 2020 
  9. a b c d Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome :2
  10. a b c "A hora da desforra", por Júlio José Chiavenato, Revista História Viva, nº 45, páginas 84-91Editora Duetto

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