O Centro Popular de Cultura (CPC) foi uma organização associada à União Nacional de Estudantes (UNE). Foi criado em 1962 no Rio de Janeiro, no Brasil. Foi extinto pelo Golpe militar no Brasil em 1964.
Um grupo de intelectuais de esquerda, com o objetivo de criar e divulgar uma "arte popular revolucionária", reuniu artistas de diversas áreas, como teatro, música, cinema, literatura e artes plásticas, para defender o caráter coletivo e didático da obra de arte, bem como o engajamento político do artista.
Seus fundamentos e objetivos foram definidos no Anteprojeto do Manifesto do Centro Popular de Cultura [1], redigido pelo seu primeiro diretor, o sociólogo Carlos Estevam Martins, em março de 1962, reafirmado em agosto do mesmo ano. Segundo o manifesto, a arte do povo é "de ingênua consciência", sem outra função que "a de satisfazer necessidades lúdicas e de ornamento". Através da adequação da produção artística à "sintaxe das massas", o CPC "pretendia tirá-las da alienação e da submissão."
Dentre as ideias desse Manifesto, podem-se destacar:
Além de Carlos Estevam, constituíram, o núcleo formador do CPC, o dramaturgo Oduvaldo Viana Filho, o cineasta Leon Hirszman e o músico Carlos Lyra, que logo atraíram: Edu Lobo, Nara Leão, Ruy Guerra, Sérgio Ricardo e Geraldo Vandré[3]. Em 1964, logo após o golpe militar, o CPC foi fechado pelas autoridades, naquele momento, três nomes integraram a direção do CPC: Carlos Estevam, Carlos Diegues e Ferreira Gullar.
À época, o Partido Comunista Brasileiro ocupava lugar de destaque no área cultural, tendo muitos jornalistas, artistas e profissionais liberais como seus filiados, além de entidades como a própria UNE. Durante sua breve existência, o CPC promoveu a encenação de peças de teatro em portas de fábricas, nos sindicatos e nas ruas de várias cidades e em áreas rurais do Brasil. O contexto era de forte mobilização política, com expansão das organizações de trabalhadores. Assim, os temas do debate político rebatiam diretamente na produção cultural.
Entre as principais peças teatrais montadas pelo CPC, podem-se citar: o "Auto dos 99%", o "Auto dos cassetetes" e o "Auto do tutu está no fim". Como contribuição ao cinema nacional, pode-se citar a realização do longa-metragem "Cinco vezes favela". No campo musical, merece destaque a gravação do disco: "O povo canta". Dentre as publicações impressas, merece destaque: "Cadernos do povo brasileiro"[4] e, a partir de 1963, a coleção de livros de poemas intitulada: "Violão de rua". Também foram ainda ministrados cursos de teatro, cinema, artes visuais e filosofia.
No entanto, a proposta do CPC diferia da posição das vanguardas artísticas dos anos 1950 (tais como o concretismo), que defendiam o diálogo com a técnica e a indústria. Os artistas ligados ao CPC recusavam-se a considerar a arte como "uma ilha incomunicável e independente dos processos materiais". Acreditavam que toda manifestação cultural deveria ser compreendida exatamente "sob a luz de suas relações com a base material", combatendo o hermetismo da arte: "nossa arte só irá onde o povo consiga acompanhá-la, entendê-la e servir-se dela."[2]