Cientificismo

Cientificismo ou cientismo é a tendência intelectual ou concepção filosófica de matriz positivista que afirma a superioridade da ciência sobre todas as outras formas de compreensão humana da realidade (religião, filosofia, metafísica, etc.), por ser a única capaz de apresentar benefícios práticos e alcançar autêntico rigor cognitivo. Assim, preconiza o uso do método científico, tal como é aplicado às ciências naturais, em todas as áreas do saber (filosofia, ciências humanas, artes etc.).[1][2][3]

Segundo Karl Popper, o cientificismo é a crença dogmática na autoridade do método científico e nos seus resultados. O termo também implica a atitude de atribuir valor altamente positivo ao papel da ciência no desenvolvimento da cultura em particular, e da sociedade em geral.[4][5] No entanto esta tendência muitas vezes é entendida de modo pejorativo, como uma forma extrema de valorização da ciência[6] ou estreitamente relacionada com o positivismo lógico,[7][8] por ter sido usado por cientistas sociais como Friedrich Engels,[9] filósofos da ciência como Karl Popper[10] e Hilary Putnam,[11] ou historiadores das ideias, como Tzvetan Todorov,[12] para descrever o apoio dogmático ao método científico e a redução de todo o conhecimento a tudo o que é mensurável.[13] Esta tendência intelectual de matriz positivista preconiza a adoção do método científico, tal como é aplicado às ciências naturais, em todas as áreas do saber e da cultura (filosofia, ciências humanas, artes, etc.), e tem sido geralmente interpretada de maneira depreciativa.[6][14]

Por outro lado, os defensores do cientificismo, entre eles o filósofo da ciência Mario Bunge,[2][4] o historiador da ciência Michael Shermer[3] e o filósofo Daniel Dennett,[15] afirmam que a ideia do cientificismo não é ser uma doutrina que defenda a aplicação da ciência em todos os níveis, mas uma visão de que a ciência é o melhor caminho que existe para conhecer o mundo e possibilitar o desenvolvimento tecnológico.[4][5]

  1. Dicionário Houaiss: "cientificismo".
  2. a b «Como é a filosofia de Mario Bunge? Uma síntese conceitual». Universo Racionalista. 2014. Consultado em 16 de janeiro de 2015 
  3. a b Shermer, Michel (2002). The Shamans of Scientism. [S.l.]: Scientific American 
  4. a b c «Cientificismo sim, positivismo não! Denúncia de arrogância filosófica por ignorância científica!». Universo Racionalista. 2015. Consultado em 16 de janeiro de 2015 
  5. a b «Diálogos sobre Cientificismo». Douglas Rodrigues. 2015. Consultado em 16 de janeiro de 2015 
  6. a b Haack, Susan (2012). «Seis Sinais de Cientificismo» (PDF). Liga Humanista Secular do Brasil. p. 5-6. Consultado em 7 de dezembro de 2014. Arquivado do original (PDF) em 26 de agosto de 2014 
  7. Rey, Abel (1909). «Review of La Philosophie Moderne». The Journal of Philosophy, Psychology and Scientific Methods. 6.2: 51–3 
  8. Maslow, Abraham, «Preface», Toward a Psychology of Being 1st ed. , There are criticisms of orthodox, 19th Century scientism and I intend to continue with this enterprise 
  9. «Socialism: Utopian and Scientific (Chpt. 1)». www.marxists.org. Consultado em 16 de abril de 2024 
  10. Hacohen, Malachi Haim (2002). Karl Popper: the formative years, 1902–1945: politics and philosophy in interwar Vienna. [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-89055-7 
  11. Putnam, Hilary (1992). Renewing Philosophy. Cambridge, MA: Harvard University Press. pp. x 
  12. "Scientism does not eliminate the will but decides that since the results of science are valid for everyone, this will must be something shared, not individual. In practice, the individual must submit to the collectivity, which "knows" better than he does." Tzvetan Todorov. The Imperfect Garden: the legacy of humanism. Princeton University Press. 2001. Pg. 20
  13. Outhwaite, William (2009) [1988], Habermas: Key Contemporary Thinkers 2nd ed. , Polity Press, p. 22 
  14. Borba, Francisco da Silva (2004). Dicionário UNESP do português contemporâneo. São Paulo: UNESP. p. 281. ISBN 9788571395763 
  15. Byrnes, Sholto (10 de abril de 2006), «When it comes to facts, and explanations of facts, science is the only game in town», New Statesman 

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