Colonialidade

A colonialidade pode ser compreendida como um fenômeno histórico e cultural que tem sua origem no colonialismo, mas que se mantém após a experiência colonial. É um conceito que se refere aos efeitos duradouros e estruturais do colonialismo nas sociedades contemporâneas. Mesmo com o fim do colonialismo, a colonialidade se propaga mantendo a lógica de relações coloniais entre saberes e modos de vida. Ele engloba não apenas a colonização política e territorial, mas também a colonização das mentes, dos corpos e das estruturas sociais e culturais. A noção de colonialidade foi desenvolvida a partir de estudos críticos sobre as relações de poder entre colonizadores e colonizados, buscando compreender as dinâmicas de dominação e exploração que persistem mesmo após a independência política dos países colonizados.

Enquanto o termo colonialismo tem seu entendimento limitado ao período específico da colonização, a colonialidade se refere ao vínculo entre o passado e o presente, no qual emerge um padrão de poder resultante da experiência moderna colonial.

O termo "colonialidade" ganhou destaque nos estudos pós-coloniais e na teoria crítica, especialmente a partir do trabalho do sociólogo peruano Aníbal Quijano (1997)[1], segundo ele a colonialidade transcende o colonialismo e não desaparece com a independência ou descolonização dos países que foram colônias. . a colonização não foi um evento isolado no passado, mas um processo contínuo que moldou a ordem social, econômica, política e cultural do mundo moderno. A colonialidade, nesse sentido, opera através da naturalização de certos padrões nas relações de poder e da naturalização de hierarquias raciais, culturais, territoriais, de gênero e epistêmicas. Dessa forma, a colonialidade subalterniza certos grupos de seres humanos garantindo sua dominação, exploração e ignorando seus conhecimentos e experiências.[2]

A colonialidade se manifesta em várias dimensões da vida social, incluindo o conhecimento, a economia, a política, a cultura e as relações de gênero e raça. Ela se baseia em uma hierarquia global que posiciona o Ocidente como o centro e as culturas não ocidentais como inferiores e periféricas. Essa hierarquia é sustentada por diferentes formas de opressão, como o racismo, o sexismo, a homofobia e o classismo. A resistência à colonialidade se dá na forma das filosofias e movimentos chamados decoloniais. Muitos movimentos identitários étnicos como o movimento indígena e o movimento negro são considerados como uma resistência à colonialidade, demonstrando que essa enfrenta certa crise de estabilidade.

  1. QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del Poder, Cultura y Conocimiento en América Latina. In: Anuário Mariateguiano. Lima: Amatua, v. 9, n. 9, 1997
  2. Restrepo, E., & Rojas A. (2012). Inflexión decolonial: fuentes, conceptos y cuestionamientos. Colombia: Ed. Universidad del Cauca, Popayán

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