Conflitos na Irlanda do Norte

The Troubles

Mapa político da Irlanda
Data Década de 19601998[a][1][2]
Local Irlanda do Norte
A violência ocasionalmente se espalhava para a Irlanda, Inglaterra e Europa continental
Desfecho
Beligerantes
Forças de Segurança do Estado: Paramilitares Republicanos Irlandeses: Paramilitares Lealistas do Ulster:
     
Baixas
Exército Britânico: 705
(inc. Regimento de Defesa do Ulster)
RUC: 301
Serviço Prisional da Irlanda do Norte: 24
Reserva do Exército Britânico: 7
Outros policiais britânicos: 6
Força Aérea Real: 4
Marinha Real Britânica: 2
Total: 1 049[6]
Exército Irlandês: 1
Gardaí: 9
IPS: 1
Total: 11[6]
PIRA: 292
INLA: 38
OIRA: 27
IPLO: 9
RIRA: 2
Total: 368[6]
UDA: 91
UVF: 62
RHC: 4
LVF: 3
UR: 2
UPV: 1[5]
Total: 162[6]
Civis mortos: 1 840[7]
(1 935 incluindo ex-combatentes)[6]
Total de mortos: 3 532[7]
Total de feridos: 47 500+
Total de vítimas: ~50 000 (mortos, feridos ou desaparecidos)[8]
A data exata de início de The Troubles é contestada, as datas mais comuns propostas incluem a formação da moderna Força Voluntária do Ulster em 1966,[9] a marcha pelos direitos civis em Derry em 5 de outubro de 1968, o início da Batalha de Bogside em 12 de agosto de 1969 ou o envio de tropas britânicas em 14 de agosto de 1969.

O conflito na Irlanda do Norte (também conhecido em inglês como The Troubles) foi um conflito de grande violência pelo estatuto político da Irlanda do Norte, que causou grande perda de vidas durante a segunda metade do século XX. Tratava-se, em primeiro lugar, da população protestante (maioria), em favor de preservar os laços com a Grã-Bretanha, e do outro lado a população católica (minoria), em favor da independência ou da integração da província com a República da Irlanda, ao sul, país predominantemente católico. Ambas as partes recorreram às armas, e a província mergulhou em uma espiral de violência que durou desde o final da década de 1960 até a assinatura do Acordo de Belfast, ou Acordo da Sexta-Feira Santa, em 10 de Abril de 1998, que estabeleceu as bases para um novo governo em que católicos e protestantes compartilhassem o poder.[10][11][12][13][14] No entanto, a violência continuou após essa data e ainda continua de forma ocasional e em pequena escala.[15]

O conflito começou na segunda metade dos anos 1960 pelo movimento dos direitos civis contra a segregação religiosa vivida pelos católicos. A oposição entre os republicanos (principalmente o Exército Republicano Irlandês), lealistas e unionistas sobre o futuro da Irlanda do Norte resultou em um aumento da violência durante trinta anos pelos grupos paramilitares de oposição de cada lado, a Policia Real do Ulster, diferentes seções do exército britânico, mas também grande parte da população civil. As campanhas de violência, acompanhadas pela incapacidade do poder político na Irlanda do Norte, levaram a Grã-Bretanha e a República da Irlanda ao estabelecimento de uma solução pacífica com o Acordo de Belfast, apesar da pressão da comunidade internacional.

O conflito tem sido repetidamente descrito como terrorismo,[16] um conflito étnico,[17] uma guerra de guerrilha,[18] um conflito de baixa intensidade, guerra irregular ou assimétrica[19][20][21] e até como uma guerra civil.[22] Foi uma luta política e nacionalista alimentada por eventos históricos,[23] com uma forte dimensão étnica e sectária,[24] travada pelo status da Irlanda do Norte. Apesar da divisão entre católicos e protestantes, não foi um terrorismo religioso ou uma guerra religiosa.[25][26][27] A violência do conflito muitas vezes ultrapassou as fronteiras da Irlanda do Norte, estendendo-se à República da Irlanda e ao Reino Unido. O conflito tinha tanto dimensões políticas quanto militares (ou paramilitares). Seus participantes incluíam políticos e ativistas políticos de ambos os lados, republicanos e lealistas paramilitares, e as forças de segurança do Reino Unido e da República da Irlanda. Enquanto o conflito nunca foi uma guerra declarada, o grande número de baixas sofrido pelas forças britânicas (725 mortos e milhares de feridos), os recursos utilizados pelo governo britânico por mais de 25 anos, a destruição causada em muitas cidades e ao povo da Irlanda do Norte e à Inglaterra, e o complexo arsenal utilizado pelos grupos paramilitares sugerem que o conflito foi uma guerra de facto.

  1. Melaugh, Martin (3 de fevereiro de 2006). «Frequently Asked Questions – The Northern Ireland Conflict». Conflict Archive on the Internet. Ulster University. Consultado em 18 de maio de 2017. Cópia arquivada em 1 de julho de 2017 
  2. Gillespie, Gordon (2008). Historical Dictionary of the Northern Ireland Conflict. [S.l.]: Scarecrow Press. p. 250. ISBN 978-0-8108-5583-0 
  3. Taylor, Peter (1997). «Chapter 21: Stalemate». Behind the Mask: The IRA and Sinn Féin. New York: TV Books. pp. 246–261. ISBN 978-1-57500-061-9. OCLC 38012191 
  4. Cox, Michael; Guelke, Adrian; Stephen, Fiona (2006). A Farewell to Arms? Beyond the Good Friday Agreement. [S.l.]: Manchester University Press. p. 213. ISBN 978-0-7190-7115-7 
  5. Melaugh, Martin. «CAIN: Abstracts of Organisations – 'U'». Conflict Archive on the Internet. Ulster University. Consultado em 20 de fevereiro de 2019. Cópia arquivada em 26 de fevereiro de 2019 
  6. a b c d e Sutton, Malcolm. «Sutton Index of Deaths». Conflict Archive on the Internet. Consultado em 18 de maio de 2017. Cópia arquivada em 1 de julho de 2017 
  7. a b Sutton, Malcolm. «Sutton Index of Deaths – Status Summary». Conflict Archive on the Internet. Consultado em 31 de agosto de 2012. Cópia arquivada em 24 de agosto de 2015 
  8. «History – The Troubles – Violence». BBC History. Consultado em 26 de maio de 2013. Cópia arquivada em 5 de junho de 2013 
  9. «Beginning of the Troubles». Cain.ulst.ac.uk – CAIN. Consultado em 12 de outubro de 2009. Cópia arquivada em 6 de dezembro de 2010 
  10. The Politics of Northern Ireland: Beyond the Belfast Agreement por Arthur Aughey (ISBN 978-0-415-32788-6), pág. 7
  11. Holland, Jack: Hope against History: The Course of Conflict in Northern Ireland. Henry Holt & Company, 1999, pág. 221. ISBN 0-8050-6087-1
  12. Historical Dictionary of the Northern Ireland Conflict by Gordon Gillespie (ISBN 978-0-8108-5583-0), pág. 250
  13. Elliot, Marianne: The Long Road to Peace in Northern Ireland: Peace Lectures from the Institute of Irish Studies at Liverpool University. University of Liverpool Institute of Irish Studies, Liverpool University Press, 2007, pág. 2. ISBN 1-84631-065-2
  14. Goodspeed, Michael: When reason fails: portraits of armies at war : America, Britain, Israel, and the future. Greenwood Publishing Group, 2002, pp. 44 and 61. ISBN 0-275-97378-6
  15. «Draft List of Deaths Related to the Conflict. 2002-». Consultado em 31 de julho de 2008 
  16. «Northern Ireland». MI5. Consultado em 2 de outubro de 2007. Arquivado do original em 5 de outubro de 2007 
  17. Coakley, John. «Ethnic Conflict and the Two-state Solution: The Irish Experience of Partition». Consultado em 2 de outubro de 2007. Arquivado do original em 3 de abril de 2012 
  18. Knickerbocker, Brad (20 de setembro de 2004). «Classic Guerrilla war forming in Iraq». Christian Science Monitor. Consultado em 2 de outubro de 2007 
  19. «Special Branch officer's insider view of Northern Ireland's '˜secret war'». Belfast News Letter (em inglês). 12 de novembro de 2016. Consultado em 12 de janeiro de 2025 
  20. Lesley-Dixon, Kenneth (2018). Northern Ireland: the Troubles: From the Provos to the Det, 1968-1998 (em inglês). [S.l.]: Pen & Sword Books Limited 
  21. Schaeffer, Robert K. (1999). Severed States: Dilemmas of Democracy in a Divided World (em inglês). [S.l.]: Rowman & Littlefield 
  22. Guerra civil en Irlanda del Norte 1968-1994 On War, 16 de diciembre de 2000
  23. English, Richard (2005). Armed Struggle: The History of the IRA (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press 
  24. Storey, Michael L. (maio de 2004). Representing the Troubles in Irish Short Fiction (em inglês). [S.l.]: CUA Press 
  25. Jenkins, Richard (23 de junho de 1997). Rethinking Ethnicity: Arguments and Explorations (em inglês). [S.l.]: SAGE. p. 120. Deveria, eu acho, ser aparente que o conflito da Irlanda do Norte não é um conflito religioso... Embora a religião tenha um lugar – e de fato um lugar importante – no repertório de conflitos na Irlanda do Norte, a maioria dos participantes vê a situação como primariamente preocupada com questões de política e nacionalismo, não religião. E não há razão para discordar deles. 
  26. Mitchell, Claire (2006). Religion, Identity and Politics in Northern Ireland: Boundaries of Belonging and Belief (em inglês). [S.l.]: Ashgate Publishing, Ltd. p. 5. A escola de pensamento mais popular sobre religião está encapsulada em Explaining Northern Ireland (1995), de McGarry e O'Leary, e é ecoada por Coulter (1999) e Clayton (1998). O argumento central é que a religião é um marcador étnico, mas que geralmente não é politicamente relevante por si só. Em vez disso, o etnonacionalismo está na raiz do conflito. Hayes e McAllister (1999a) apontam que isso representa uma espécie de consenso acadêmico. 
  27. Cavanaugh, William T. (3 de setembro de 2009). The Myth of Religious Violence: Secular Ideology and the Roots of Modern Conflict (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press. p. 33 

From Wikipedia, the free encyclopedia · View on Wikipedia

Developed by Nelliwinne