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Ensaio acerca do Entendimento Humano (do original em língua inglesa: An Essay Concerning Human Understanding) é uma obra literária de John Locke, parte da corrente empirista inglesa. Publicada em 1689, como um dos primeiros "grandes" livros do pensamento empirista, tinha como tema principal a epistemologia, em suma: a origem das ideias.[1][2] Além disso, seu pensamento constitui uma das fontes principais para o moderno empirismo, na filosofia que o sucede. Por exemplo, o ensaio influenciou muitos filósofos iluministas, como Hume e Berkeley. Datas de edição da obra: 1690, 1694, 1695, 1700, 1706. Traduções póstumas: 1700 (para o francês) e reedição em 1729.[1] Essa visão empirista trazida por Locke foi duramente criticada pelos racionalistas: em 1704, Gottfried W. Leibniz se opôs à visão lockeana a respeito do entendimento humano, escrevendo o Nouveaux Essais sur l’entendement humain, onde ele comenta e tenta refutar capítulo por capítulo da obra de Locke.[3] Ao mesmo tempo, houve também uma boa recepção do ensaio, que acabou por servir como referência para o trabalho dos futuros empiristas, como David Hume.
O ensaio em questão funciona como uma teoria epistemológica que concebe o entendimento como a faculdade mais nobre da alma.[4] Há, também, uma noção de progresso da mente em direção ao conhecimento da razão. O texto em si inicia-se com uma carta ao leitor, essa está repleta de dispositivos retóricos como o da modéstia afetada, com objetivo de captar a benevolência do leitor. Locke explica como a obra foi organizada (seus pensamentos em meio às circunstâncias de sua vida privada).[5] Tendo concluído-a em um momento em que se encontrava isolado. Essa foi a organização definitiva. Nessa carta, o filósofo se mostra aberto a possíveis comentários póstumos à publicação de seus escritos, visto que considera que a sua maneira descontínua de elaborá-los pode ter prejudicado o conteúdo. O objetivo mais puro da obra é saber qual a origem e alcance do conhecimento humano. Locke critica a doutrina das ideias inatas de Descartes, afirmando que a alma é como uma tábula rasa, tábua sem inscrições, como um papel em branco.[6] O conhecimento começaria, então, somente a partir da experiência sensível.[6] Não existem ideias inatas, pois, caso existissem, deveriam ser iguais em todos os seres pensantes. Nossos entendimentos não são menos diferentes que nossos paladares, que não são anteriores à experiência sensível. Não há restrição quanto aos leitores, são esses: “toda espécie possível de leitores”, devido à noção de UTILIDADE da obra.[7] "Não pretendo publicar este Ensaio visando a informar os homens de pensamentos notáveis e perspicácia, pois, em relação a tais mestres do conhecimento, considero-me como estudante, e, portanto, o aviso de antemão a não esperar nada aqui exceto o que, tendo sido desafiado de meus pensamentos grosseiros, é apropriado para homens de minha própria estatura, aos quais, talvez, não será inaceitável que tenha-me esforçado para tornar claro e familiar aos seus pensamentos certas verdades que o preconceito estabeleceu, ou o aspecto abstrato das próprias ideias que pode torná-las difíceis […]".[8]