Fracasso escolar

O fracasso escolar pode ser compreendido como a consequência para um aluno da não-apropriação do aprendizado. Os conceitos, habilidades, valores, conhecimento e a questão da cidadania não foi internalizada no aluno, culminando muitas vezes, em baixas notas, reprovação e, por fim, no abandono da escola pelo mesmo. Entretanto, assim como sugere Paulilo (2017), a ideia de fracasso escolar é histórica e perpassa inúmeras análises quanto ao seu emprego, assim, também aponta Pozzobon (2017) citando Lagana-Riordan e Col no artigo "Renomeando o Fracasso Escolar" que elucida algumas correlações ligadas ao termo como: dificuldades de aprendizado, problemas de comportamento, baixo desempenho escolar, distorção série/idade/ano, abandono escolar precoce ou repetência e outras inúmeras associações. Desta forma, é preciso delimitar dentro de um campo de estudos o que se entende por fracasso escolar, o que estamos categorizando como fracasso? Fracasso em relação a que?

Dentro do campo da Sociologia da Educação, Pierre Bourdieu (1998) relaciona fracasso escolar voltado a origem social do aluno, ou seja, a escola reproduz a desigualdade social por meio de um saber erudito que é legitimado, estando a margem, ou seja, deslegitimado o saber das classes populares. Sua maior discussão voltasse para o capital cultural para teorizar seu conceito de fracasso escolar. Entretanto, Charlot (2000), faz uma outra leitura de fracasso escola contrapondo a teoria da reprodução de Pierre Bourdieu (1998). Charlot (2000) constrói sua teoria pautado na relação com o saber e vai dizer que não existe alunos fracassados mais sim alunos em situação de fracasso escolar. Por se tratar de uma concepção extremamente ampla, o fracasso escolar para Charlot (2000, p. 14) “[...] é uma chave disponível para interpretar o que está ocorrendo nas salas de aula, nos estabelecimentos de ensino, em certos bairros, em certas situações sociais”, assim, não se remete apenas  ao aprendizado, conforme o autor, mas também a eficácia dos docentes, sobre o serviço público, a igualdade de chances, sobre os recursos investidos pelo país no sistema educativo e várias outras questões.

De acordo com Perrenoud (1995)[1], os alunos são considerados como tendo alcançado êxito ou fracasso na escola porque são avaliados em função de exigências manifestadas pelos professores ou outros avaliadores e seguem os programas determinados pelo sistema educativo. Define-se o fracasso escolar como consequência de dificuldades de aprendizagem, falta de conhecimento e competência. A necessidade de avaliação baseada na padronização favorece uma transposição didática conservadora, ou seja, desenvolve aquilo que se encaixa no modelo de avaliação. O sistema clássico de avaliação força os professores a preferir os conhecimentos isolados (raciocínio, comunicação, etc), e sob a aparência da exatidão, a avaliação esconde uma grande dúvida: como se entender quando não se sabe, nem se explica ou justifica o que realmente se avalia?

Ao falar de fracasso escolar, é importante observar quando as dificuldades de aprendizagem vêm encobrir a fragilidade da escola, centrando no aluno todo insucesso de sua não aprendizagem. A falta de conhecimento didático do corpo docente está na raiz do fracasso escolar. O fracasso muitas das vezes dá-se devido a educação infantil que o indivíduo em causa teve. A importância de uma sadia educação infantil, é muito importante, e deve ser acompanhada directamente dos pais (Pai Mãe), para que este tenha uma base bem acentuada.

As principais causas do fracasso escolar são oriundas, em sua maior parte, dos sistemas de ensino que não conseguem atender às diversidades de necessidades presentes nas escolas, deixando de identificar onde se localizam as inadaptações à aprendizagem, e levar o aluno a descobrir sua própria modalidade de aprendizagem, considerando como ponto crucial seu modo particular de se relacionar com o conhecimento, ou seja, a aprendizagem escolar.

O fracasso escolar também pode ocorrer dependendo do contexto familiar, cultural, social e político que o indivíduo possa estar inserido.

Bourdieu (1998), o sucesso escolar alcançado pelo aluno não dependeria apenas de seus dons pessoais, mas também de sua origem social, o que coloca o aluno em condições mais ou menos favoráveis diante das exigências escolares.

Bourdieu afirma que as estruturas sociais afetam o comportamento do indivíduo de dentro para fora e não o inverso. A pessoa então possui uma formação inicial vinda de seu ambiente social e familiar, ocupando assim uma posição específica na estrutura social, cada indivíduo então incorpora o que ele chama de ​habitus​, que seria um conjunto de disposições para ação típica dessa posição que ocupa, passando a conduzir suas ações ao longo do tempo. Ou seja, a estrutura social de onde o indivíduo vem, conduz suas ações individuais, não de forma mecânica e nem rígida, mas princípios de orientação que seriam adaptadas pelo sujeito nas variadas circunstâncias de ação.

  1. PERRENOUD, Philippe (1999). Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens – entre duas lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul. pp. 29–30 

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