Hepatite B

Hepatite B
Hepatite B
Vírus da hepatite
Especialidade Infectologia, gastroenterologia
Sintomas Nenhum, pele amarela, fadiga, urina escura, dor abdominal[1]
Complicações Cirrose, cancro do fígado[2]
Início habitual Até 6 meses para que sintomas se manifestem[1]
Duração Aguda ou crónica[3]
Causas Vírus da hepatite B transmitido por alguns fluidos corporais[1]
Fatores de risco Partilha de seringas, relações sexuais, diálise, viver com uma pessoa infetada[1][4]
Método de diagnóstico Análises ao sangue[1]
Prevenção Vacina contra a hepatite B[1]
Tratamento Antivirais (tenofovir, interferão), transplante de fígado[1]
Frequência 356 milhões (2015)[3]
Mortes 65 400 diretas (2015), >750 000 (total)[1][5]
Classificação e recursos externos
CID-10 B16,
B18.0-B18.1
CID-9 070.2-070.3
CID-11 1337277167
OMIM 610424
DiseasesDB 5765
MedlinePlus 000279
eMedicine 177632, 964662
MeSH D006509
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A hepatite B é uma doença infecciosa que afeta o fígado causada pelo vírus da hepatite B (VHB). O vírus pode causar infeções tanto agudas como crónicas. Durante a infeção inicial aguda muitas pessoas não manifestam sintomas. Em algumas pessoas os sintomas manifestam-se de forma súbita e incluem vómitos, pele amarela, fadiga, urina de cor escura e dor abdominal.[1] Os sintomas podem demorar entre 30 a 180 dias até se manifestarem[1] e geralmente manifestam-se ao longo de várias semanas.[1][6] Só muito raramente é que a infeção inicial causa morte.[1] 90% das pessoas infectadas por volta do nascimento desenvolvem hepatite B crónica, embora após os cinco anos de idade isso só se verifique em 10% dos casos.[4] A maior parte das pessoas com doença crónica não manifestam sintomas. No entanto, encontram-se em risco acrescido de desenvolver cirrose e cancro do fígado.[2] Estas complicações são a causa da morte de 15% a 25% das pessoas com hepatite B crónica.[1]

O vírus é transmitido pela exposição ao sangue ou fluidos corporais de uma pessoa infetada. A via de transmissão mais comum em regiões endémicas é a infeção durante o nascimento ou a partir da mãe ou pelo contacto com sangue infetado durante a infância. As vias de transmissão mais comum em regiões onde a doença é rara são a partilha de seringas entre consumidores de droga e através de relações sexuais.[1] Entre outros fatores de risco estão o trabalho na prestação de cuidados de saúde, transfusões de sangue, hemodiálise, viver com uma pessoa infetada, viajar para regiões onde a doença é endémica e o internamento em instituições.[1][4] Durante a década de 1980, as tatuagens e a acupunctura foram responsáveis por um número significativo de casos; no entanto, com a melhoria da esterilização isto tem vindo a diminuir.[7] Os vírus da hepatite B não são transmitidos por dar a mão, por partilhar talheres, por beijar, abraçar, tossir, espirrar ou amamentar.[4] A infeção pode ser diagnosticada entre 30 a 60 dias após a exposição. O diagnóstico é geralmente feito através de análises ao sangue que confirmam a presença de partes do vírus ou de anticorpos contra o vírus.[1] A doença é um dos cinco tipos conhecidos de vírus da hepatite: A, B, C, D e E.

Desde 1982 que a doença é evitável através de imunização com a vacina contra hepatite B.[1][8] A Organização Mundial de Saúde recomenda a vacinação desde o primeiro dia de vida sempre que possível. Para que a vacina seja completamente eficaz, são posteriormente necessárias duas ou três doses complementares. A vacina tem 95% de eficácia[1] e em 2006 fazia parte do programa de vacinação de 180 países.[9] Recomenda-se também o rastreio de hepatite no sangue destinado a transfusões e o uso de preservativo nas relações sexuais. Durante a infeção inicial, o tratamento tem por base os sintomas que a pessoa manifesta. Em pessoas com doença crónica podem ser usados antivirais como o tenofovir ou interferões. Em casos de cirrose pode ser necessário um transplante de fígado.[1]

Cerca de um terço de todas as pessoas em todo o mundo já foram infetadas por hepatite B em determinado momento da vida. Entre eles, entre 250 e 350 milhões desenvolveram doença crónica.[1][10] Em 2013 registaram-se 129 milhões de novas infeções.[11] Em cada ano, morrem de hepatite B mais de 750 000 pessoas.[1] Destas, cerca de 300 000 devem-se a cancro do fígado.[12] Atualmente, a doença é endémica apenas na Ásia Oriental e na África subsariana, onde entre 5% e 10% dos adultos apresentam infeção crónica. Na Europa e nos Estados Unidos a prevalência é inferior a 1%.[1] A investigação atual centra-se na criação de alimentos que contenham a vacina contra a doença.[13] A doença é capaz de infetar também outros grandes primatas.[14]

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v «Hepatitis B Fact sheet N°204». who.int. Julho de 2014. Consultado em 4 de novembro de 2014 
  2. a b Chang MH (junho de 2007). «Hepatitis B virus infection». Semin Fetal Neonatal Med. 12 (3): 160–167. PMID 17336170. doi:10.1016/j.siny.2007.01.013 
  3. a b GBD 2015 Disease and Injury Incidence and Prevalence, Collaborators. (8 de outubro de 2016). «Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 310 diseases and injuries, 1990-2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015.». Lancet. 388 (10053): 1545–1602. PMC 5055577Acessível livremente. PMID 27733282. doi:10.1016/S0140-6736(16)31678-6 
  4. a b c d «Hepatitis B FAQs for the Public — Transmission». U.S. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Consultado em 29 de novembro de 2011 
  5. GBD 2015 Mortality and Causes of Death, Collaborators. (8 de outubro de 2016). «Global, regional, and national life expectancy, all-cause mortality, and cause-specific mortality for 249 causes of death, 1980-2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015.». Lancet. 388 (10053): 1459–1544. PMID 27733281. doi:10.1016/S0140-6736(16)31012-1 
  6. Raphael Rubin; David S. Strayer (2008). Rubin's Pathology : clinicopathologic foundations of medicine ; [includes access to online text, cases, images, and audio review questions!] 5. ed. Philadelphia [u.a.]: Wolters Kluwer/Lippincott Williams & Wilkins. p. 638. ISBN 9780781795166 
  7. Thomas HC (2013). Viral Hepatitis 4th ed. Hoboken: Wiley. p. 83. ISBN 9781118637302 
  8. Pungpapong S, Kim WR, Poterucha JJ (2007). «Natural History of Hepatitis B Virus Infection: an Update for Clinicians». Mayo Clinic Proceedings. 82 (8): 967–975. PMID 17673066. doi:10.4065/82.8.967 
  9. Williams R (2006). «Global challenges in liver disease». Hepatology (Baltimore, Md.). 44 (3): 521–526. PMID 16941687. doi:10.1002/hep.21347 
  10. Schilsky ML (2013). «Hepatitis B "360"». Transplantation Proceedings. 45 (3): 982–985. PMID 23622604. doi:10.1016/j.transproceed.2013.02.099 
  11. Global Burden of Disease Study 2013, Collaborators (22 de agosto de 2015). «Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 301 acute and chronic diseases and injuries in 188 countries, 1990-2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013.». Lancet (London, England). 386 (9995): 743–800. PMID 26063472. doi:10.1016/S0140-6736(15)60692-4 
  12. GBD 2013 Mortality and Causes of Death, Collaborators (17 de dezembro de 2014). «Global, regional, and national age-sex specific all-cause and cause-specific mortality for 240 causes of death, 1990–2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013.». Lancet. 385 (9963): 117–71. PMC 4340604Acessível livremente. PMID 25530442. doi:10.1016/S0140-6736(14)61682-2 
  13. Thomas, Bruce (2002). Production of Therapeutic Proteins in Plants. [S.l.: s.n.] p. 4. ISBN 9781601072542. Consultado em 25 de novembro de 2014 
  14. Plotkin, [edited by] Stanley A.; Orenstein,, Walter A.; Offit, Paul A. (2013). Vaccines 6th ed. Edimburgo: Elsevier/Saunders. p. 208. ISBN 9781455700905 

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