Luiz Fernando Carvalho

Luiz Fernando Carvalho
Nascimento 28 de julho de 1960 (64 anos)
Rio de Janeiro, RJ
Nacionalidade brasileiro
Cidadania Brasil
Ocupação Cineasta
Diretor de TV
Roteirista
Período de atividade 1985–presente
Principais trabalhos Tieta
Lavoura Arcaica
Os Maias
Capitu
Hoje é Dia de Maria
A Paixão Segundo G.H.
A Pedra do Reino
Dois Irmãos
Suburbia
Afinal, o Que Querem as Mulheres?
Correio Feminino
Pedra sobre Pedra
Renascer
O Rei do Gado
Velho Chico
Meu Pedacinho de Chão
Uma mulher vestida de sol
Alexandre e Outros Heróis
Distinções Melhor Contribuição Artística - Festival de Cinema Mundial de Montreal (2001) - Lavoura Arcaica
Melhor Diretor, Melhor Filme, Prêmio da Crítica de Melhor Filme - Festival Internacional de Cinema de Guadalajara (2001)
Prêmio Especial do Júri - Festival de Biarritz (2001)
Prêmio Ministério da Cultura - Festival do Rio (2001)
Prêmio de Melhor Filme Júri Popular - Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (2001)
Melhor Filme - Festival de Cinema de Brasília (2001)
Prêmio Especial do Júri - Festival de Cinema de Havana (2001)
Melhor Filme da Crítica (2002) - Festival Internacional de Cinema Independente de Buenos Aires (2002)
Melhor Filme e Melhor Filme da Crítica - Prêmio Sesc de São Paulo (2002)
Melhor Filme Júri Popular - Festival de Cinema de Tiradentes (2002)
Melhor diretor - Prêmio APCA (2017)
Artista do Ano - Prêmio Bravo (2017)
Página oficial
http://luizfernandocarvalho.com/

Luiz Fernando Carvalho (Rio de Janeiro, 28 de julho de 1960) é um cineasta e diretor de televisão brasileiro, conhecido por trabalhos com forte relação com a literatura e que representam uma renovação para a estética do audiovisual brasileiro.[1] O diretor já levou para as telas obras de Ariano Suassuna, Raduan Nassar, Machado de Assis, Eça de Queiroz, Roland Barthes, Clarice Lispector, Milton Hatoum, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, entre outros.

Alguns críticos aproximam as realizações de Luiz Fernando Carvalho ao movimento do Cinema Novo brasileiro[2] e a diretores ícones da história do cinema: Luchino Visconti e Andrei Tarkovski.[3] A experimentação visual e de linguagem[4] é uma das características de sua obra, bem como a investigação da multiplicidade da identidade cultural do Brasil.[5] Constituem elementos da poética do diretor: o estilo barroco[6][7][8] de sobreposições e cruzamentos entre gêneros narrativos, a relação com a instância do Tempo,[9] os símbolos arquetípicos da Terra e a reflexão sobre a linguagem do melodrama social e familiar.[10]

Os trabalhos com assinatura do cineasta foram sucesso tanto de crítica quanto de público. Dirigiu o filme Lavoura Arcaica (2001), baseado no romance homônimo de Raduan Nassar, apontado pelo crítico Jean-Philippe Tessé, na revista francesa Cahiers du Cinéma, como "uma promessa fundadora de renovação, de uma palpitação inédita no cinema brasileiro desde Glauber Rocha"[11] e ganhou mais de 50 prêmios nacionais e internacionais.[12] As novelas Renascer (1993) e O Rei do Gado (1996), de autoria de Benedito Ruy Barbosa e com direção de Luiz Fernando Carvalho, são reconhecidas como marcos para a teledramaturgia brasileira e figuram entre as maiores audiências da década de 1990.[13][14]

Na televisão, as obras do diretor se contrastam: do pop do design dos anos 1960 na série Correio Feminino (2013) ao rigor clássico da minissérie Os Maias (2001), das referências urbanas da periferia na minissérie Suburbia (2012) ao lúdico da novela Meu Pedacinho de Chão (2014), da pesquisa estética do Sertão na novela Velho Chico (2016) ao conto de fadas brasileiro da minissérie Hoje é Dia de Maria (2005) e ao universo realista da tragédia familiar Dois Irmãos (2017).

O processo de realização do diretor é notório por identificar novos talentos em todo o país e formar atores,[15] revelando nomes que se tornaram astros da dramaturgia, como Leticia Sabatella, Eliane Giardini, Bruna Linzmeyer, Johnny Massaro, Irandhir Santos, Simone Spoladore, Caco Ciocler, Marcello Antony, Marco Ricca, Isabel Fillardis, Giselle Itié, Emilio Orciollo Netto, Sheron Menezes, Jackson Antunes, Maria Luisa Mendonça, Eduardo Moscovis, Jackson Costa, Leonardo Vieira, Cacá Carvalho, Luciana Braga, Julia Dalavia, Renato Góes, Cyria Coentro, Marina Nery, Júlio Machado, Bárbara Reis, Lee Taylor, Zezita de Matos, Mariene de Castro e Lucy Alves, entre outros. O trabalho de preparação de atores do diretor resultou num método que foi registrado no livro “O processo de criação dos atores de Dois Irmãos”, do fotógrafo Leandro Pagliaro.[16][17]

  1. «Os Eleitos». Revista Bravo!. 30 de março de 2017. Consultado em 12 de abril de 2017. Luiz Fernando Carvalho recebe o Prêmio Bravo! de artista do ano por sua contribuição à TV 
  2. Hugo Sukman (28 de outubro de 2001). «Um cineasta que está entrando para o clube dos poetas». OGlobo. Consultado em 17 de abril de 2017. Com Lavoura Arcaica, Luiz Fernando Carvalho respeita uma tradição que vai de Mario Peixoto a Ruy Guerra 
  3. Daniel Piza (22 de agosto de 2001). «"Lavoura Arcaica" estreia sábado no Canadá». Estado de S. Paulo. Consultado em 12 de abril de 2017. Um parentesco com o estilo e a espiritualidade do cinema dos russos Tarkovski e Sokurov 
  4. Ilana Feldman e Ismail Xavier (16 de outubro de 2016). «Quinze anos depois, filme "Lavoura Arcaica" ainda é corpo estranho». Ilustríssima/Folha de S.Paulo. Consultado em 12 de abril de 2017. Do popular ao erudito, da artesania à tecnologia, Luiz Fernando Carvalho tem transitado entre gêneros e tempos, misturando cinema, literatura, televisão, fábulas populares, poesia, circo, teatro, ópera e novelas de cavalaria. Nessa obra, em que não há fronteiras demarcatórias nem territórios inexplorados, as questões da origem, da família e de nossas tradições literárias e narrativas, arcaicas e modernas, têm sido permanentemente reelaboradas 
  5. Maria Rita Kehl (1 de outubro de 2016). «'Velho Chico' reinaugura um desejo de utopia». OGlobo. Consultado em 12 de abril de 2017. O Brasil de Benedito Ruy Barbosa e Luiz Fernando Carvalho é agreste. É pobre, remediado, devastado e esperançoso 
  6. Helcio Kovaleski (15 de março de 2016). «'Uma Novela Shakespearana, neorrealista e barroca». Le Monde Diplomatique Brasil. Consultado em 13 de abril de 2017 
  7. Marcelo Coelho (14 de novembro de 2001). «'Lavoura' e os indícios de uma obra prima». Folha de S.Paulo. Consultado em 12 de abril de 2017. Lavoura Arcaica" tem todas as razões para ser excessivo, barroco, quase ostentatório em sua riqueza estilística. O filme consegue traduzir visualmente toda a beleza literária do livro de Raduan Nassar 
  8. Ilana Feldman (21 de janeiro de 2017). «Dois Irmãos: arqueologia da memória, alegoria da destruição». Revista Bravo. Consultado em 12 de abril de 2017. Na obra de Luiz Fernando Carvalho, o barroco é um conceito norteador de uma pesquisa de linguagem: busca conceitual pela brasilidade presente nos opostos, nas contradições e nos contrastes deste país 
  9. Tiago Mata Machado (23 de outubro de 2001). «Em "Lavoura Arcaica", Carvalho faz retrato do tempo». FolhaOnline. Consultado em 12 de abril de 2017 
  10. Inácio Araújo (15 de novembro de 2001). «Longa é exceção exemplar no cinema do país». Folha de S.Paulo. Consultado em 12 de abril de 2017 
  11. Jean-Philippe Tessé (2003). «Les pieds dans la terre». Cahiers du Cinema (edição 581). p. 85. Consultado em 19 de abril de 2017 
  12. «Montreal premia a ousadia de "Lavoura Arcaica"». Estadão. 5 de setembro de 2001. Consultado em 17 de abril de 2017 
  13. Marília Martins (6 de novembro de 1993). «Renascer deu aula de direção». Jornal do Brasil. Consultado em 14 de abril de 2017 
  14. Oliveira Sobrinho, José Bonifácio (2011). O Livro do Boni. São Paulo: Casa da Palavra. p. 34. ISBN 978-85-7734-226-6. Novela bem estruturada pelo Benedito, com uma primeira fase primorosa e dirigida com maestria pelo Luiz Fernando Carvalho 
  15. Patricia Vilalba (11 de novembro de 2010). «Freud Explica». O Estado de S. Paulo. Consultado em 17 de abril de 2017. Freud explica: "O processo de ensaios para filmar com Luiz Fernando é um dos diferenciais do diretor, que o pôs em posição de sonho de consumo de qualquer ator comprometido com seu ofício" 
  16. Roger Lerina (12 de janeiro de 2017). «"Dois Irmãos": livro registra cenas da preparação do elenco da minissérie». Folha de S.Paulo. Consultado em 12 de abril de 2017 
  17. Ubiratan Brasil (9 de janeiro de 2017). «Fotógrafo registra o intenso processo de ensaio da série 'Dois Irmãos'». O Estado de S. Paulo. Consultado em 12 de abril de 2017 

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