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O marcionismo foi um sistema de crenças dualista cristão primitivo que se originou com os ensinamentos de Marcião de Sinope em Roma por volta de 144.[1] Marcião foi um teólogo cristão primitivo,[2] evangelista,[2] e uma figura importante no cristianismo primitivo.[2][3] Ele era filho de um bispo de Sinope na região do Ponto. Por volta de meados do século II (140–155) ele viajou para Roma, onde se juntou à Cerdão, Gnóstico sírio.[4]
Marcião pregou que o Deus benevolente do Evangelho que enviou Jesus ao mundo como o salvador era o verdadeiro Ser Supremo, diferente e oposto ao malévolo Demiurgo ou deus criador, identificado com o Deus hebreu do Antigo Testamento.[2][3][5] Ele se considerava um seguidor do apóstolo Paulo, a quem ele acreditava ter sido o único verdadeiro apóstolo de Jesus.[2][3]
O cânone de Marcião, possivelmente o primeiro cânone cristão já compilado, consistia em onze livros: um evangelho, que era uma versão mais curta do evangelho segundo Lucas, e dez epístolas paulinas.[2][3][6] O cânone de Marcião rejeitou todo o Antigo Testamento, junto com todas as outras epístolas e evangelhos do que se tornaria o cânon do Novo Testamento de 27 livros, que durante sua vida ainda não havia sido compilado.[2][3][7][8] As epístolas paulinas desfrutam de uma posição de destaque no cânon marcionita, uma vez que Paulo foi considerado por Marcião como o único verdadeiro apóstolo de Cristo.[2][3][9]
O marcionismo foi denunciado por seus oponentes como heresia e contestado pelos primeiros Padres da Igreja — notadamente por Tertuliano em seu tratado de cinco livros Adversus Marcionem (Contra Marcião), por volta de 208.[2][3] Os escritos de Marcião estão perdidos, embora eles tenham sido amplamente lidos e numerosos manuscritos devem ter existido.[2][3] Mesmo assim, muitos estudiosos afirmam que é possível reconstruir e deduzir uma grande parte do marcionismo antigo através do que críticos posteriores, especialmente Tertuliano, disseram sobre Marcião.[2][3][9]