Marcus Garvey | |
---|---|
Marcus Garvey en 1924. | |
Nascimento | 17 de agosto de 1887 Saint Ann's Bay |
Morte | 10 de junho de 1940 (52 anos) West Kensington |
Sepultamento | Parque dos Heróis Nacionais |
Cidadania | Jamaica |
Etnia | Jamaicanos de ascendência africana |
Cônjuge | Amy Euphemia Jacques Garvey, Amy Ashwood Garvey |
Alma mater |
|
Ocupação | jornalista, empreendedor, político, impressor, sociólogo |
Distinções |
|
Empregador(a) | Negro Factories Corporation, Negro World, Black Star Line |
Movimento estético | Renascimento do Harlem |
Ideologia política | nacionalismo negro, Pan-africanismo |
Causa da morte | acidente vascular cerebral |
Marcus Mosiah Garvey (Saint Ann's Bay, Jamaica, 17 de agosto de 1887 – Londres, 10 de junho de 1940) foi um ativista político, editor, jornalista, empresário e comunicador jamaicano. É também cultuado como um profeta pelos devotos da religião afrojamaicana Rastafári, na qual é considerado como “O Moisés Negro”, responsável pela convocação dos afrodescendentes pelo mundo para o retorno à África e para a afirmação de uma identidade africana anticolonial. Foi fundador e primeiro presidente da Associação Universal para o Progresso Negro e Liga das Comunidades Africanas (UNIA, no acrônimo em inglês), movimento que ficou popularmente conhecimento "De Volta para a África". Através da UNIA, Garvey foi eleito "presidente provisório da África". Ideologicamente vinculado ao nacionalismo negro e ao pan-africanismo, suas ideias dariam origem ao chamado "garveyismo", consciência política que se tornou uma das principais características da fé Rastafári.[1][2]
Nascido em uma família afrojamaicana relativamente próspera, Garvey trabalhou como aprendiz em uma gráfica durante sua adolescência. Envolveu-se com o movimento sindical enquanto trabalhava em Kingston e, posteriormente, viveu por um curto período na Costa Rica, no Panamá e na Inglaterra. Retornou à Jamaica e fundou a UNIA em 1914. Em 1916, mudou-se para os Estados Unidos e estabeleceu uma filial da UNIA no bairro do Harlem, em Nova Iorque. Enfatizando a união entre os negros e o tema da diáspora africana, defendeu o fim do colonialismo europeu na África e a unificação política do continente. Garvey idealizou uma África unificada e governada por ele mesmo, através de um regime de partido único que criaria leis para garantir a pureza racial dos negros. Embora nunca tenha visitado o continente africano, ele foi um dos principais idealizadores do movimento de "retorno para a África", incentivando fortemente os afro-americanos a emigrarem para lá. As ideias garveistas se popularizaram bastante e a UNIA agregou uma enorme quantidade de filiados. Entretanto, seu apoio ao separatismo negro — e sua colaboração com grupos racistas e supremacistas brancos, nomeadamente a Ku Klux Klan (KKK), de quem se aproximou a fim de promover interesses comuns no âmbito da segregação racial — isolaram Garvey de outros proeminentes ativistas dos direitos civis dos afro-americanos, que defendiam os ideais de integração e de igualdade racial, tais como W. E. B. Du Bois.[1][3][4][2]
Acreditando que os afro-americanos precisam garantir sua independência financeira em uma sociedade dominada por brancos, Garvey fundou várias empresas nos Estados Unidos, incluindo a Negro Factories Corporation e o jornal Negro World. Em 1919, ele se tornou presidente da Black Star Line, uma companhia de navegação que intencionava estabelecer uma rota de passageiros entre a América do Norte e a África, visando facilitar a emigração de afro-americanos para a Libéria. Em 1929, Garvey foi condenado pelo crime de fraude postal, após uma operação de venda de ações da Black Star Line, e passou quase dois anos preso em uma penitenciária de Atlanta. Alguns ativistas afirmaram que sua prisão foi politicamente motivada, ao passo que o próprio Garvey responsabilizou os judeus, que alegadamente o discriminariam por suas ligações com a Ku Klux Klan. Deportado para a Jamaica em 1927, Garvey se estabeleceu em Kingston com sua esposa, Amy Jacques, e deu continuidade ao seu ativismo político, criando o Partido Político do Povo e servindo como vereador por um breve período. Com a UNIA mergulhada em dificuldades financeiras cada vez maiores, Garvey se mudou para Londres em 1935, mas sua postura anticomunista o isolaria dos ativistas negros da capital inglesa. Garvey morreu em Londres em 1940, mas seu corpo foi transladado para a Jamaica em 1964, para ser sepultado no Parque dos Heróis Nacionais, em Kingston.[1][4][2]
Garvey foi uma figura bastante controversa. Ele foi elogiado por encorajar o sentimento de orgulho e de autoestima entre os africanos e os afrodescendentes, em contextos frequentemente marcados por pobreza generalizada, discriminação racial e colonialismo. Entretanto, muitos expoentes do movimento negro o consideravam um demagogo pretensioso e criticavam fortemente sua colaboração com supremacistas brancos, sua retórica violenta e seu preconceito contra pessoas mestiças e judeus. Ele é considerado um herói nacional na Jamaica, onde suas ideias exerceram forte influência em movimentos como o Rastafári, a Nação do Islã e o movimento Black Power.[3][4][2]