Masculino como norma

Na teoria feminista, o princípio do masculino como norma sustenta que "o uso de "homem" para referir-se a "ser humano", e outros mecanismos, reforçam a percepção de que o gênero masculino é a norma e sua respectiva forma feminina é uma derivação e, por tanto, menos importante. Além dos termos normativos, termos machistas como mulher da limpeza ou homem de negócios citam-se como exemplos de como a língua portuguesa, e de outros idiomas em geral, reflete os preconceitos ligados aos gêneros que a sociedade tem.

Esta ideia foi expressada claramente pela primeira vez por pensadores do século XIX que começaram a desconstruir o idioma inglês para expor os produtos e as bases do patriarcado. O princípio do masculino como norma e a relação entre o gênero gramatical e a maneira em que seus respectivos falantes conceitualizam seu mundo têm recebido atenção de diversos campos de estudo, incluindo filosofia, psicologia e antropologia, e tem impulsionado debates sobre o determinismo linguístico e a desigualdade de gêneros. A mensagem subliminar deste princípio é que as mulheres falam uma linguagem menos legítima sustentado por estas duas últimas ideias, e que se define pela subordinação do gênero feminino que se forma a partir da linguagem normativa de um discurso masculinizado aceitado. Considerando que a linguagem das mulheres é deficiente em relação a dos homens, se assume que há algo de defeituoso na linguagem das mulheres. Posteriormente, investigações das ciências sociais, particularmente em análises discursivo, têm mantido e qualificado como sistêmica esta predisposição para o masculino em diversos idiomas.[1][2]

Na prática, o gênero gramatical exibe uma predisposição estrutural sistêmica que tem convertido as formas masculinas no regular para o genérico, em contextos nos que o gênero não se especifica. Segundo o princípio do masculino como norma, esta predisposição funciona para excluir e ignorar as mulheres, negar as experiências femininas e impor que tudo o que não é masculino está desviado ou não pode representar muitas das categorias sociais.

  1. MacDougall, D. (2012). «Gendered discourse and ASL-to-english interpreting: A poststructuralist approach to gendered discourse and the ASL-to-english interpretive process». Journal of Interpretation. 19 (1). Consultado em 13 de abril de 2015 
  2. Motschenbacker, H (2010). Language, gender and sexual identity: Poststructuralist perspectives. Amersterdam, NLD: John Benjamins Publishing Company. 89 páginas. ISBN 9789027218681 

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