Metamorphoseon[1] | |||||||
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Metamorfoses | |||||||
Coleção de Hayden White e Margaret Brose. Capa do Livro XV. Borda decorativa adicionada posteriormente, 1556.[2] | |||||||
Autor(es) | Ovídio | ||||||
Idioma | Latim | ||||||
País | Itália | ||||||
Assunto | Mitologia greco-romana. | ||||||
Editora | Diversas editoras. Ver Versões em língua portuguesa. | ||||||
Lançamento | 8 d.C. | ||||||
Cronologia | |||||||
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Metamorfoses é uma das obras mais famosas e considerada como a magnum opus do poeta latino Ovídio.[3][4][5] Este poema narrativo foi tornado público por volta do ano 8,[6] e, ao lado de Fastos, trata-se talvez de um de seus poemas inconclusos[7][8] por conta do exílio que sofreu no Ponto Euxino, costa do Mar Negro, região distante de Roma.[9][10] É desconhecida a causa do exílio,[10] mas existem duas hipóteses: ou Augusto não tenha gostado do âmbito de sua obra desde A Arte de Amar, e as Metamorfoses de Ovídio, ao contrário do pensamento de ordem e estabilidade do imperador, mostram um mundo em constante mutação,[11] ou o poeta romano foi indiscreto a respeito de algum aspeto íntimo do soberano ou de sua família.[12]
A estrutura de Metamorfoses constitui-se de 15 livros escritos em hexâmetro dactílico com cerca de 250 narrativas em doze mil versos compostos em latim,[4] e que transcorrem poeticamente sobre a cosmologia e a história do mundo, confundido deliberadamente ficção e realidade, narrando a transfiguração dos homens e dos deuses mitológicos em animais, árvores, rios, pedras, representando o princípio dos tempos, chegando à apoteose de Júlio César e ao próprio tempo do poeta, ou seja, o Século de Augusto (43 a.C. - 14 d.C.).[13] Este ciclo histórico apresenta a mitologia como uma etapa no desenvolvimento do mundo e do homem:[14] Ovídio segue o conceito de Hesíodo e nos mostra as quatro idades cronológicas da mitologia clássica (conhecidas como a Idade do Ouro, a Idade de Prata, a Idade do Bronze, e a Idade do Ferro).[15] Aproveitando tal abordagem das Eras do Homem, Ovídio uniu livremente os deuses aos mortais em histórias de amor, incesto, ciúme, crime.
Contemporâneo de Horácio e Virgílio, Ovídio deu novo acabamento literário aos mitos gregos que haviam sido aproveitados pelo Império Romano quando esse conquistou a Grécia. Assim, poetas como Homero e Pausânias foram de fundamental importância para sua inspiração. Embora as personagens sejam mitológicas, o caráter de seus diálogos e contos são permeados por humanidade. Em Metamorfoses, ele desenvolveu e até popularizou os mitos mais famosos e mais lembrados da mitologia grega,[4] tais como o de Midas, Orfeu, Eros, Psiquê, Zeus, Afrodite, Baco, Narciso, entre outros. Outro aspecto apresentado em seu poema é o Caos, confusão de todos os elementos que se supõe ter precedido a criação do universo,[16] e que o poeta se refere em latim como rudis indigestaque moles ("massa informe e confusa").[17][18][19]
A Metamorfoses de Ovídio permanece até hoje como um dos trabalhos poéticos mais aclamados sobre mitologia,[20] e o poema mais influente da história da poesia e da arte[12] - poucas foram as obras poéticas que inspiraram tantas formas artísticas como a literatura, a música, a arquitetura, a pintura.[6] Seu caráter social e espiritual acerca dos ciclos históricos do homem influenciou também a filosofia, notavelmente o Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens (1989), de Jean-Jacques Rousseau.[21] Preservado pelo gosto da cultura ocidental através dos séculos, inspirou, entre outros autores, Dante, Shakespeare, Franz Kafka, Fernando Pessoa (Bernardo Soares), Cruz e Sousa, Manoel de Barros,[22][23][24][25][26] e pintores ou escultores tão diversos como Michelangelo, Rafael, Tiziano, Correggio, Veronese, Caravaggio, Rubens, Bernini, Velásquez, Rembrant, Delacroix, entre tantos outros.[27] Figura, portanto, como uma das mais importantes obras clássicas da mitologia greco-romana e da literatura latina.[20]