Miguel da Silva

Miguel da Silva
Cardeal da Santa Igreja Romana
Bispo-emérito de Viseu
Info/Prelado da Igreja Católica
Retrato de D. Miguel da Silva na pintura Jesus na casa de Marta e Maria por si encomendada, c. 1535-40
(Museu Nacional Grão Vasco)
Atividade eclesiástica
Diocese Diocese de Viseu
Nomeação 21 de novembro de 1526
Predecessor D. Afonso de Portugal
Sucessor D. Alessandro Farnese
Mandato 1526 - 1547
Ordenação e nomeação
Nomeação episcopal 21 de novembro de 1526
Ordenação episcopal dezembro de 1529
Cardinalato
Criação 19 de dezembro de 1539 (in pectore)
2 de dezembro de 1541 (Publicado)

por Papa Paulo III
Ordem Cardeal-presbítero
Título Santos Doze Apóstolos (1542-1543)
Santa Praxedes (1543-1552)
São Marcelo (1552-1553)
São Pancrácio (1553)
Santa Maria além do Tibre (1553-1556)
Brasão
Dados pessoais
Nascimento Évora
1486
Morte Estados Papais Roma
5 de junho de 1556 (70 anos)
dados em catholic-hierarchy.org
Cardeais
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

Miguel da Silva (Évora, c. 1480 – Roma, 5 de Junho de 1556), foi um nobre português do século XVI, embaixador em Roma, Bispo de Viseu (em 1526) e Cardeal da Igreja Católica Romana (em 1539). Ficou conhecido na historiografia com a antonomásia com que o nomeavam ainda em vida: Cardeal de Viseu. Era filho do 1.º Conde de Portalegre, figura proeminente da corte de D. Manuel I, e de sua esposa D. Maria de Ayala. Afamado pela sua cultura clássica e pelo seu domínio das línguas antigas, foi amigo pessoal do pintor Rafael e Baldassare Castiglione dedica-lhe a sua obra-prima O Cortesão.

Demonstrando desde cedo dotes intelectuais notáveis, foi destinado por seu pai à carreira eclesiástica; não sendo por certo factor estranho à decisão a grande devoção religiosa da família, que contava com os exemplos dos tios de D. Miguel: Santa Beatriz da Silva e Beato Amadeu da Silva. Obteve de D. Manuel I uma bolsa de estudos que lhe permitiu rumar a França em 1500 para frequentar os estudos de humanidades e teologia na famigerada Universidade de Paris.

A sua formação como humanista foi moldada por mais de uma década em Paris (de 1500 a 1514), com estadias em Siena e Bolonha. Proeminente figura da Alta Renascença, foi um celebrado conhecedor de Latim e Grego e mecenas das artes. Reflectindo a ascensão da sua família na corte em Lisboa, foi nomeado por D. Manuel I embaixador em Roma, rendendo o Doutor João de Faria. Revelou-se um agente da completa confiança de D. Manuel I. Continuou no cargo após a morte deste em 1521, embora as relações entre o embaixador e o novo monarca não fossem tão calorosas.

Regressou a Lisboa contrariado e por ordem de D. João III em 1525, após uma ausência de um quarto de século. Recebido com frieza na corte, foi, não obstante, cumulado de mercês devido à influência do seu irmão - o 2.º Conde de Portalegre e Mordomo-mor - e à própria intercessão do Papa Clemente VII. Ademais, o Papa fê-lo Bispo de Viseu logo em 1526. Tendo sido nomeado membro do Conselho Real e escrivão da puridade, a sua importância na corte nunca foi, contudo, notável: quer devido à animosidade do jovem rei D. João III, quer pela manipulação da cúria régia pelo clã dos Alcáçovas Carneiro. Permaneceria em Portugal durante 15 anos até 1540.

O seu desvalimento junto de D. João III resultou de um contínuo acumular de tensões e crispações: o seu papel no terceiro matrimónio de seu pai, em 1518, com Leonor d'Áustria, que estava prometida ao próprio D. João; a intenção de Leão X de fazê-lo cardeal ainda em 1521; a oposição de D. Miguel à causa amada de D. João III, a entrada da Inquisição em Portugal (o que veio a ocorrer em 1531); a recusa do Rei a deixá-lo participar no Concílio de Mântua (convocado em 1537, mas que seria adiado até 1545, altura em que ocorreu em Trento, Alemanha); a recusa de Paulo III em nomear o Infante D. Henrique cardeal, mas concedendo do barrete cardinalício ao próprio D. Miguel em 1539; culminando em 1540 com a recusa do pontífice em reconhecer D. Henrique como administrador do Mosteiro de Alcobaça, após a morte do seu irmão o Infante Cardeal D. Afonso.

Vendo a sua posição deteriorar-se rapidamente, foge para Itália em 1540, escapando por uma questão de horas a uma ordem régia de prisão. Em Roma recebeu-o calorosamente o Papa Paulo III. O seu cardinalato foi oficializado em 1541 (pois em 1539 tinha sido concedido in pectore). Enquanto cardeal o seu titulus mudou várias vezes até se estabelecer no de Santa Maria Trastevere em 1553. Paulo III fê-lo ainda Bispo e administrador da cidade de Massa Marittima, na Toscana, em 1539. Foi legado papal em Veneza, na Marca de Ancona e em Bolonha. Participou nos conclaves de 1549-1550, de Abril de 1555 e de Maio de 1555. D. João III nunca lhe perdoou a fuga, tendo-o desnaturalizado e condenado por traição em 1542. Moveu influências para que D. Miguel fosse extraditado e ultimamente planeou assassiná-lo. Mal-grado a fúria régia, D. Miguel da Silva viveu os últimos 15 anos da sua vida em Roma cumulado de riquezas e mercês. Faleceu na sua amada Cidade Eterna a 5 de Junho de 1556.


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