Mobutu Sese Seko

Mobutu Sese Seko
Mobutu Sese Seko
Mobutu em 1983, usando seu emblemático barrete de pele de leopardo
Presidente do Zaire
Período 27 de outubro de 197116 de maio de 1997
Antecessor(a) Ele mesmo
(como Presidente da República Democrática do Congo)
Sucessor(a) Laurent-Désiré Kabila
(como Presidente da República Democrática do Congo)
Presidente da República Democrática do Congo
Período 24 de novembro de 196527 de outubro de 1971
Antecessor(a) Joseph Kasa-Vubu
Sucessor(a) Ele mesmo
(como Presidente do Zaire)
Presidente da Organização da Unidade Africana
Período 11 de setembro de 196713 de setembro de 1968
Antecessor(a) Haile Selassie
Sucessor(a) Houari Boumédiène
Dados pessoais
Nome completo Joseph-Désiré Mobutu
Nascimento 14 de outubro de 1930
Lisala, Équateur, Congo Belga
Morte 7 de setembro de 1997 (66 anos)
Rabat, Rabate-Salé-Quenitra, Marrocos
Cônjuge Marie-Antoinette Gbiatibwa Gogbe Yetene (c. 1955; m. 1977)
Bobi Ladawa (c. 1980)
Filhos(as) 16, incluindo Nzanga e Kongulu
Partido Movimento Popular da Revolução
Serviço militar
Lealdade Congo Belga
República do Congo
Zaire
Serviço/ramo Force Publique
Armée Nationale Congolaise
Zaire Forces Armées Zaïroises
Anos de serviço 1949–1997
Graduação Marechal de Campo
(Exército)
Almirante
(Marinha)
Comandante-em-chefe
(Militar)
Conflitos Crise do Congo
Invasões de Shaba
Primeira Guerra do Congo
Estandarte Presidencial

Mobutu Sese Seko Kuku Ngbendu wa za Banga[Nota 1] (nascido Joseph-Désiré Mobutu; Lisala, 14 de outubro de 1930Rabat, 7 de setembro de 1997), mais conhecido como Mobutu Sese Seko ou simplesmente Mobutu ou, ainda, apenas pelas suas iniciais MSS, foi um político e oficial militar congolês, primeiro e único presidente da então chamada República do Zaire (1971-1997). Anteriormente, Mobutu servira como o segundo presidente da República Democrática do Congo, de 1965 a 1971. Também havia sido o 5º Presidente da Organização da Unidade Africana, entre 1967 e 1968.

Durante a Crise do Congo (1960–1965), Mobutu era o Chefe do Estado-Maior do Exército e, apoiado pela Bélgica e pelos Estados Unidos, depôs o governo democraticamente eleito do nacionalista de esquerda Patrice Lumumba, em 1960. Lumumba foi preso no início de dezembro daquele ano, pelos homens de Mobutu. Em seguida, Lumumba foi entregue ao seu pior inimigo, Tshombé, e executado, em Elisabethville, no dia 17 de janeiro de 1961. Mobutu continuou a liderar as forças armadas do seu país até tomar o poder diretamente, num segundo golpe de Estado, em 1965. Governou com mão de ferro até ser deposto, em maio de 1997, pelas tropas de Laurent-Désiré Kabila.[1]

Para consolidar o seu poder, Mobutu estabeleceu, em 1967, o Movimento Popular da Revolução como o único partido político legal e mudou o nome do Congo para República do Zaire, em 1971; no ano seguinte, mudou também o próprio nome para Mobutu Sese Seko. Mobutu afirmava que a sua ideologia política não era "nem de esquerda nem de direita, nem mesmo de centro".[2] Estabeleceu um regime autocrático, extremamente duro, mesmo para os padrões africanos do seu tempo. Tentou purgar o país de toda influência cultural colonial, por meio do seu programa de autenticidade nacional.[3][4] Mobutu foi objecto de um culto generalizado à personalidade.[5] Durante o seu governo, acumulou uma grande fortuna pessoal, por meio de exploração econômica e corrupção,[6] levando alguns a qualificarem seu regime como uma cleptocracia.[7][8] Foi um período de violações generalizadas dos direitos humanos. Durante seu governo, a nação também acumulou uma grande dívida, sofreu com a inflação descontrolada e massivas desvalorizações cambiais.

Mobutu recebeu forte apoio (militar, diplomático e econômico) dos Estados Unidos, França e Bélgica, que acreditavam que ele era um forte oponente do comunismo na África francófona. Ele também construiu laços estreitos com os governos do apartheid da África do Sul, de Israel e da junta grega. A partir de 1972, também foi apoiado por Mao Tsé-Tung, não apenas por sua posição antissoviética, mas também porque Mao pretendia criar um bloco de nações afro-asiáticas lideradas por ele. A enorme ajuda econômica chinesa ao Zaire proporcionava a Mobutu maior autonomia nas negociações aos governos ocidentais, permitindo-lhe identificar-se como um "revolucionário anticapitalista" e evitar recorrer ao Fundo Monetário Internacional para obter recursos financeiros.[9]

Em 1990, a deterioração econômica e a agitação forçaram Mobutu a se coligar com os seus oponentes. Embora ele tenha usado suas tropas para impedir mudanças, seus esforços não duraram muito. Em maio de 1997, as forças rebeldes lideradas por Laurent-Désiré Kabila invadiram o país e forçaram Mobutu ao exílio. Já sofrendo de câncer de próstata avançado, morreu três meses depois, em Rabat, Marrocos. Mobutu era conhecido pelo nepotismo e pela corrupção, tendo acumulado entre 50 e 125 milhões de dólares durante o seu governo.[10][11] Ele era conhecido por extravagâncias como viagens de compras a Paris no avião supersônico Concorde.[12]


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  1. Le premier coup d’État de Mobutu. Jeune Afrique, 13 de setembro de 2004.
  2. Young, Crawford; Turner, Thomas (1985). The Rise and Decline of the Zairian State, p. 210. Madison, Wisconsin: University of Wisconsin Press.
  3. Vieira, Daviel Lazure. "Precolonial Imaginaries and Colonial Legacies in Mobutu's 'Authentic' Zaire." In: Kalu, Kenneth; Falola, Toyin (eds.). Exploitation and Misrule in Colonial and Postcolonial Africa, pp. 165–191, Palgrave Macmillan, 2019
  4. David F. Schmitz, The United States and Right-Wing Dictatorships, 1965–1989, pp. 9–36, 2006, Cambridge University Press
  5. «Mobutu Sese Seko». The Columbia Electronic Encyclopedia. Columbia University Press. 2012. Consultado em 30 de abril de 2013. Arquivado do original em 8 de maio de 2013 
  6. «Revealing the Ultimate 2020 List: The 10 Most Corrupt Politicians in the World - The Sina Times» (em inglês). 3 de janeiro de 2020. Consultado em 3 de janeiro de 2024 
  7. Acemoglu, Daron; Robinson, James A.; Verdier, Thierry (Maio de 2004). «Kleptocracy and Divide-and-Rule: A Model of Personal Rule». Journal of the European Economic Association. 2 (2–3): 162–192. CiteSeerX 10.1.1.687.1751Acessível livremente. doi:10.1162/154247604323067916. Consultado em 26 Out 2013. Cópia arquivada em 29 de dezembro de 2014 
  8. Pearce, Justin (16 de janeiro de 2001). «DR Congo's troubled history». BBC. Consultado em 26 de outubro de 2013. Arquivado do original em 29 Out 2013 
  9. Chang, Jung; Halliday, Jon. Mao: the Unknown Story, p. 574. New York: Anchor Books, 2006.
  10. Washington Post, "Mobutu: A Rich man In Poor Standing". 2 de outubro de 1991.
  11. The New York Times, "Mobutu’s village basks in his glory". 29 de setembro de 1988.
  12. Tharoor, Ishaan (20 Out 2011). «Mobutu Sese Seko». Top 15 Toppled Dictators. Time Magazine. Consultado em 30 de abril de 2013. Arquivado do original em 22 Out 2011 

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