Filosofia de Platão |
Platonismo |
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Lista de filósofos platônicos antigos |
O platonismo é uma corrente filosófica baseada no pensamento de Platão. Indica a filosofia de Platão e da sua escola, isto é, os filósofos que viveram entre o século IV a.C. e a primeira metade do século I a.C., a qual afirma a existência de objetos abstratos, que se assevera existirem em um terceiro reino distinto tanto do mundo externo sensível quanto do mundo interno da consciência, e é o oposto do nominalismo.[1] Os filósofos que afirmam a existência de objetos abstratos são às vezes chamados de platonistas; aqueles que negam sua existência são às vezes chamados nominalistas. Os termos "platonismo" e "nominalismo" estabeleceram sentidos na história da filosofia, onde denotam posições que têm pouco a ver com a noção moderna de um objeto abstrato.[2] Os platonistas não aceitam necessariamente nenhuma das doutrinas de Platão.[1]
Em um sentido mais restrito, o termo pode indicar a doutrina do realismo platônico. O conceito central do platonismo, uma distinção essencial para a Teoria das Formas, é a distinção entre a realidade que é perceptível mas ininteligível, e a realidade que é imperceptível mas inteligível. As formas são tipicamente descritas em diálogos como o Fédon, o Simpósio e a República como arquétipos transcendentes perfeitos dos quais os objetos do mundo cotidiano são cópias imperfeitas.
Na República, a forma mais elevada é identificada como a Forma do Bem, a fonte de todas as outras formas, que poderiam ser conhecidas pela razão. No Sofista, um trabalho posterior, as formas ser, o mesmo e a diferença estão listadas entre os "Grandes Tipos" primordiais.
Pesquisadores da chamada Escola Tübingen e de Milão alegam que o corpo textual de Platão contém fragmentos de doutrinas não escritas que eram lecionadas oralmente na sua Academia,[3][4] o que é evidenciado por relatos contemporâneos inclusive de Aristóteles e por uma palestra pública tardia em que Platão foi pressionado a explicar a Ideia do Bem aos atenienses.[5]
Cerca de um século depois da morte de Platão, em 348 a.C., a escola enveredou para o ceticismo sob a direção de Arcesilau (século III a.C.), que se tornou um princípio central da escola até 90 a.C., quando Antíoco acrescentou elementos estóicos, rejeitou o ceticismo e iniciou um período conhecido como platonismo médio.
No século III d.C., Plotino acrescentou elementos místicos, estabelecendo o neoplatonismo, no qual o ápice da existência era o Uno ou o Bem, a fonte de todas as coisas; em virtude e meditação, a alma teria o poder de se elevar para alcançar a união com o Uno. O filósofo Algis Uždavinys critica o fato da criação do novo termo "neoplatonismo" separatório por acadêmicos no início da Idade Contemporânea, quando as evidências mostram continuidade do pensamento platônico; o próprio pensamento de Platão é evidenciado de forma acadêmica como derivado da cosmologia egípcia em inscrições antigas, passando aos pré-socráticos e pitagóricos em particular.[6][7]
O platonismo teve um efeito profundo no pensamento ocidental, e muitas noções platônicas foram adotadas pela igreja cristã, que entendia as formas de Platão como pensamentos de Deus, enquanto o neoplatonismo se tornou uma grande influência no misticismo cristão no ocidente através de Santo Agostinho, doutor da Igreja Católica. Os escritos cristãos foram fortemente influenciados pelas Enéadas de Plotino[8] e, por sua vez, foram fundações para todo o pensamento cristão ocidental.[9] Platão também determinou os rumos da filosofia árabe[10][11] e judaica.[12][13]
Algumas ideias de Platão são aplicadas por várias áreas científicas, incluso a neurociência.[14] Curiosamente, em sua doutrina de formas geométricas para os quatro elementos, ele acertou quando diz que a terra se divide em cubos.[15][16]