Populismo de esquerda é uma ideologia política que combina a retórica e os temas da esquerda com o do populismo. Normalmente concentra sentimentos anti-elitistas, oposição ao sistema hegemônico e busca unificar uma voz em nome do "povo comum".[1] Temas majoritários do populismo de esquerda incluem o anticapitalismo, justiça social e a antiglobalização, de modo em que a ideologia de uma sociedade de classes e as teorias socialistas não surgem como protagonistas do seu projeto, assim como se constitui para outros movimentos ligados à esquerda tradicional.[2] Nesse sentido, a crítica ao capitalismo e a globalização está ligada ao sentimento antiamericano e anti-imperialista que surgiu no movimento populista de esquerda após uma série de operações militares dos Estados Unidos pelo mundo, especialmente no Oriente Médio no final do século XX.[3][4]
Apesar de englobar vários temas e ideologias dentro dele, um dos principais pontos do populismo de esquerda é a defesa dos ideais de combate às desigualdades, inclusão social e igualitarismo.[1] Já na entrada do século XXI, a partir do acirramento das crises migratórias e o crescimento das organizações identitárias por todo o mundo, a imigração e os direitos LGBT passaram a ingressar na agenda populista, sendo definido pelo termo "populismo inclusivo".[5] Alguns acadêmicos também vêem uma forte influência nacionalista e da defesa do Estado de bem-estar social.[6]
Apesar de ser um campo político bastante diverso, o populismo é visto de forma pejorativa, muitas vezes associado a projetos eleitorais de cunho apelativo e propagandista, gerando posicionamentos antagônicos entre pesquisadores do assuntos. Em sua principal obra A Razão Populista, Ernesto Laclau combate a estigmatização e afirma que as rejeições ao populismo se dão em grande parte por conta da disputa natural presente entre a sociedade de classes, em que uma parcela das elites procura distanciar as maiorias das disputas políticas e dos espaços de poder. O filósofo segue com seu raciocínio apresentando que o populismo não representa um projeto unitário e tampouco que possa ser atribuído a um fenômeno delimitado, mas corresponde a uma lógica social cujos efeitos perpassam uma variedade de fenômenos, definindo o populismo como "simplesmente uma forma de construir o político"[7]. Em contrapartida, a pesquisadora Rosalind C. Morris, da Universidade de Cambridge, avalia que o populismo de esquerda se alimenta de uma fonte perigosa, em que a sua base discursiva é orientada pela ideia de "inimigos políticos permanentes", criando uma sociedade baseada no medo. [8]