O Reino do Egito (em árabe: المملكة المصرية, translit. Al-Mamlaka Al-Miṣreyya, lit. 'O Reino Egípcio') foi a forma jurídica do estado egípcio durante o último período do reinado da Dinastia Maomé Ali, desde o reconhecimento da independência egípcia pelo Reino Unido em 1922 até a abolição da monarquia do Egito e do Sudão em 1953, após a Revolução Egípcia de 1952. Até o Tratado Anglo-Egípcio de 1936, o Reino era apenas nominalmente independente, já que o Reino Unido mantinha o controle das relações exteriores, das comunicações, das forças armadas e do Sudão. Oficialmente, o Sudão era governado como um condomínio dos dois estados, mas, na realidade, o verdadeiro poder no Sudão estava nas mãos do Reino Unido. Entre 1936 e 1952, o Reino Unido continuou a manter a sua presença militar e os seus conselheiros políticos a um nível reduzido.
O estatuto jurídico do Egito tinha sido altamente complicado, devido à sua ruptura de facto com o Império Otomano em 1805, à sua ocupação pela Grã-Bretanha em 1882 e ao restabelecimento do Sultanato do Egito (destruído pelos Otomanos em 1517) como um Protetorado britânico em 1914. Em linha com a mudança de estatuto de sultanato para reino, o título do Sultão reinante, Fuade I, foi alterado de Sultão do Egito para Rei do Egito. Ao longo da existência do Reino, o Sudão esteve formalmente unido ao Egito. No entanto, a autoridade egípcia real no Sudão era em grande parte nominal devido ao papel do Reino Unido como potência dominante no Sudão Anglo-Egípcio. Como aconteceu durante o Quedivato do Egito e o Sultanato do Egito, o monarca egípcio foi denominado soberano do "Egito e Sudão".
Durante o reinado do rei Fuade, a monarquia lutou com o Partido Wafd, uma organização política nacionalista de base ampla, fortemente oposta à influência britânica no Egito, e com os próprios britânicos, que estavam determinados a manter o seu controle sobre o Canal de Suez. Outras forças políticas emergentes neste período incluíram o Partido Comunista (1925) e a Irmandade Muçulmana (1928), que eventualmente se tornou uma poderosa força política e religiosa.
O rei Fuade morreu em 1936, e o trono passou para seu filho de 16 anos, Faruque. O crescente sentimento nacionalista no Egito e no Sudão, e a preocupação britânica após a recente invasão da Abissínia pela Itália Fascista levaram ao Tratado Anglo-Egípcio de 1936, que exigia que o Reino Unido retirasse todas as tropas do próprio Egito (excluindo o Sudão), exceto no Zona do Canal de Suez (acordada em ser evacuada em 1949), mas permitiu o retorno de militares britânicos em caso de guerra. O Reino foi atormentado pela corrupção e os seus súbditos viam-no como um fantoche dos britânicos, apesar da amarga inimizade entre o rei Faruque e o Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial, como evidenciado pelo incidente no Palácio de Abdeen em 1942. Isto, juntamente com a derrota na Guerra da Palestina de 1948–1949, levou à Revolução Egípcia de 1952 pelo Movimento dos Oficiais Livres. Faruque abdicou em favor de seu filho Ahmed Fuade, que se tornou rei Fuade II. Em 1953, a monarquia foi abolida e a República do Egito foi estabelecida. O estatuto jurídico do Sudão só foi resolvido em 1953, quando o Egito e o Reino Unido concordaram que deveria ser concedida a independência em 1956.