Talidade

Talidade (tal + –idade = qualidade de tal; em inglês, suchness ou thusness) é um termo para o atributo definidor de uma coisa em si, tal qual ela é em sua essência.[1][2][3] Na filosofia ocidental, é uma forma de traduzir o neologismo poiotês/poiotêta de Platão, que foi popularizado como "qualitas" no latim em neologismo criado por Cícero e é hoje mais conhecido na filosofia como qualidade.[4] Conforme aparece no diálogo Teeteto:

"Não encontramos que eles dizem que o calor, a brancura ou qualquer coisa que você queira surge de alguma maneira como esta, a saber, que cada um desses se move simultaneamente com a percepção entre o elemento ativo e o passivo, e o passivo se torna percipiente, mas não a percepção, e o ativo se torna tal-e-tal (poion ti), mas não a talidade (poiotêta)? ... O elemento ativo não se torna talidade (qualidade essencial) calor, ou brancura. Ele se torna tal-e-tal (instância da qualidade): quente, ou branco - e assim por diante."

"Talidade" passou a ser um termo utilizado por Xavier Zubiri para definir o conteúdo qualificado intrínseco: "A realidade física da essência na ordem da talidade é aquilo segundo o qual a coisa é 'isto' e não o 'outro', ou seja, é a maneira de estar 'construída' a coisa real como 'tal'", mas que a talidade da essência é maior e além da coisa imanente: "por sua própria talidade, a essência tem uma função transcendental".[5]

No entanto, ele é mais amplamente utilizado no budismo como termo que traduz Tathata, principalmente nas linhagens maaiana, identificando a natureza fundamental do fenômeno ou a realidade última não dual e absoluta,[6][7][8] como sendo tal qual e apresentada na mente pura ou desperta (mente luminosa) que enxerga o conhecimento através de Prajña/Jñana, em oposição à ignorância e ilusão:[9] livre de vijñanas e discriminações egoicas; a percepção tal qual é relacionada também ao conceito de Mente-apenas (idealismo).[9]

  1. «Definition of SUCHNESS». www.merriam-webster.com (em inglês). Consultado em 17 de janeiro de 2020 
  2. Phainomenon: revista de fenomenologia. [S.l.]: Edições Colibri. 2003 
  3. Revista brasileira de filosofia. [S.l.]: Instituto Brasileiro de Filosofia. 1955 
  4. Chappell, Timothy D. J. (2005). Reading Plato's Theaetetus (em inglês). [S.l.]: Hackett Publishing. p. 136. ISBN 978-0-87220-760-8 
  5. Mora, José Ferrater (2001). Dicionário de filosofia. 4. (Q - Z). [S.l.]: Ed. Loyola. ISBN 978-85-15-02004-1 
  6. Gouveia, Ana Paula (9 de setembro de 2016). Introdução à Filosofia Budista. [S.l.]: Pia Sociedade de São Paulo - Editora Paulus. ISBN 978-85-349-4458-8 
  7. Cornu, Philippe (2 de junho de 2004). Diccionario Akal del Budismo (em espanhol). [S.l.]: Ediciones AKAL. ISBN 978-84-460-1771-4 
  8. Jr, Robert E. Buswell; Jr, Donald S. Lopez (24 de novembro de 2013). The Princeton Dictionary of Buddhism (em inglês). [S.l.]: Princeton University Press. ISBN 978-0-691-15786-3 
  9. a b Suzuki, D. T (1932). Lankavatara Sutra: A Mahayana Text. Traduzido do Lankavatara Sutra sânscrito para o inglês, publicação de 1978.

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