Wallmapu

Mapa dos territórios que os Mapuche habitavam em graus variáveis e em momentos diferentes no Cone Sul da América do Sul, sobreposto a um mapa político actual. Baseia-se nos últimos estudos arqueológicos, linguísticos e historiográficos, bem como na tradição mapuche e na actual proclamação mapuche.

Wall Mapu, Wallmapu ou Wajmapu (em Mapudungun: wall mapu, "a terra ao redor"[1]) é o nome dado por grupos indigenistas a territórios que cultural, geográfica e histórica havia sido habitado em diversos graus os do Cone Sul da América por tribos mapuche: desde o rio Mapocho pelo norte até ao arquipélago do Chiloé ao sul - à margem sub-oriental do Oceano Pacífico - e desde a latitude sul de Buenos Aires até a Patagônia - na margem sub-ocidental do Oceano Atlântico. A parte argentina é chamada Puelmapu ou Puwel Mapu, enquanto a chilena é Gulumapu ou Gülu Mapu.[2]

O historiador chileno Cristóbal García Huidobro afirma que: "a terminologia ‘Wallmapu’ não é relativamente antiga, mas sim mais nova. Surge, até onde se sabe, de um movimento revisionista, no início da década de 1990 (...) fazem um reestudo e um revisionismo da identidade, da língua, assim como dos símbolos que representariam o povo Mapuche (...) não é uma questão histórica propriamente dita, não vem da cultura ancestral do povo Mapuche que nunca percebeu seu território como um lugar particularmente definido".[3]

O próprio termo ganhou mais notoriedade nos anos 2000, 2010 e 2020 com a intensificação do conflito na Araucanía. O termo não era utilizado na historiografia tradicional de perspectiva colonial e eurocentrica, utilizando-se antes destas décadas mais frequentemente a referência para região como Arauco ou Araucanía.

Críticas surgiram sobre o uso pela comunidade Mapuche da designação Wall Mapu, o que denota a preocupação de grupos de interesse que veem com preocupação a mobilização de um movimento transfronteiriço que busca unificar a comunidade em busca de mais autonomia.

Buscaram deslegitimar o uso de tal concepção alegando ser o termo Wall Mapu relativamente novo (para fins meramente políticos) e não ter origem na cultura ancestral do povo Mapuche.

Diante destas críticas que provinham de representantes de grupos políticos interessados, (e que expressam uma opinião minoritária) o Departamento de História da Universidade de Santiago do Chile, (USACH) se manifestou explicando que a expressão Wallmapu está ancorada na ancestralidade Mapuche, no conhecimento (kimün) dos velhos e nas mulheres e no peso da reflexão coletiva ou Ngulan. Falou-se também de Woyontu Mapu (todas as terras juntas) (José Millalén Paillal, A sociedade mapuche pré-hispânica, 2006).[4]

Um dos principais argumentos utlizados pelos críticos é o fato de não ser encontrada tal designação em documentos coloniais da época, alegação que foi rebatida pela universidade ao destacar que a história e a memória dos povos indígenas não são necessariamente encontradas em documentos e arquivos coloniais, (os quais sempre expressaram o ponto de vista do branco colonizador). Um nome específico, como 'Mapuche' ou 'Wallmapu', não necessariamente será encontrado em documentos de colonização espanhola ou chilena.[5]

  1. Wallmapu também pode ser entendido como a noção mapuche de universo.
  2. Vargas, Sebastião (2017). «História, historiografia e historiadores mapuche: colonialismo e anticolonialismo em Wallmapu». História Unisinos. 21 (3). Rio de Janeiro. p. 324. doi:10.4013/htu.2017.213.03 
  3. «"Wallmapu": Historiador chileno afirma que término "no proviene de la cultura ancestral mapuche"». T13. March 31, 2022. Consultado em March 31, 2022  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  4. Anónimo (6 de abril de 2022). «Declaración Departamento de Historia sobre el término Wallmapu». Departamento de Historia (em espanhol). Consultado em 2 de maio de 2024 
  5. Anónimo (6 de abril de 2022). «Declaración Departamento de Historia sobre el término Wallmapu». Departamento de Historia (em espanhol). Consultado em 2 de maio de 2024 

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